Um promotor russo pediu nesta segunda-feira (27) dois anos de prisão para um homem acusado de se opôr à invasão da Rússia à Ucrânia e a quem retiraram a guarda de sua filha, após a criança fazer um desenho criticando a ofensiva.
A história remonta ao ano passado, quando Maria Moskaleva, de 13 anos, fez um desenho na escola. Nele, viam-se mísseis ao lado de uma bandeira russa, tendo uma mulher e uma criança como alvo, ao lado de uma bandeira ucraniana.
Moskaliov, de 54 anos, foi colocado em prisão domiciliar em 1º de março, e sua filha, enviada para uma instituição de menores. A mãe está afastada da família.
O caso de Alexei Moskaliov gerou uma onda de indignação na Rússia e retrata o tamanho da repressão do Kremlin contra seus opositores.
Na segunda-feira (27), um promotor de Efremov, uma cidade pequena localizada a 300 km ao sul de Moscou, pediu dois anos de prisão contra Moskaliov, acusado de ter “desacreditado o Exército”, disse à AFP seu advogado, Vladimir Bilienko.
Esta decisão é “difícil”, acrescentou Bilienko, dizendo que o réu se declarou “inocente”. O veredito do tribunal é esperado para terça-feira (28).
Os problemas começaram depois que sua filha de 13 anos, Maria Moskaliova, fez um desenho na escola mostrando mísseis indo em direção a uma mulher e uma criança com uma bandeira ucraniana.
Na ocasião, a diretora da instituição denunciou o ato à polícia, sob o contexto do julgamento de vozes críticas à ofensiva russa.
As autoridades então encontraram publicações críticas à ofensiva russa e ordenaram a separação de Moskaliov e sua filha, que ficou sob os cuidados de outra família.
O julgamento do caso começará em 6 de abril, quando há chances de Alexei ser privado definitivamente da guarda da criança.
No entanto, uma petição foi lançada para solicitar o retorno da menina à casa do pai.
Até mesmo o chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, cujos homens lutam na Ucrânia, ofereceu seu apoio à Maria e criticou as autoridades locais.