Uma ONG britânica que se dedica a proteger primatas lançou um alerta às pessoas que mantêm macacos como animais de estimação, advertindo que a forma como os animais são alimentados está fazendo com que um grande número deles desenvolva diabetes.
A entidade Wild Futures, que tem um santuário para macacos na região da Cornualha (sudoeste da Grã-Bretanha), diz que um terço dos animais recebidos pela ONG – muito deles vindos do mercado doméstico de animais de estimação – tem a doença, o que reflete uma alimentação inadequada.
Na Grã-Bretanha, não há legislação que proiba uma pessoa de ter um macaco como mascote, mas neste mês uma comissão do Parlamento Britânico anunciou a abertura de um inquérito sobre o assunto, que poderá determinar uma mudança.
“Muitas vezes, descobrimos que eles recebem muitos alimentos processados para humanos, como biscoitos de chocolate, balas de goma, doces e várias coisas que os deixam doentes”, diz a tratadora Claire Turnbull, que cuida dos animais no cativeiro.
A entidade conduz testes de sangue e urina em vários animais para determinar como está a saúde deles. Mas alguns sinais de que os macacos estão doentes ao serem acolhidos pela ONG são perceptíveis mesmo sem exame – por exemplo, o pelo pode estar grudento, já que o corpo tenta “expulsar” o açúcar pela pele.
No santuário na Cornualha, os animais recebem uma alimentação equilibrada de carboidratos e proteínas que simula os nutrientes que eles encontrariam no mundo selvagem.
“Infelizmente em alguns casos eles precisam de remédios. Alguns dos macacos que cuidamos precisarão tomar remédios quatro vezes por dia até o fim das suas vidas”, diz Turnbull.
A Wild Futures faz campanha para tentar proibir as pessoas de terem macacos como animais domésticos e prepara um documento para ser apresentado aos parlamentares britânicos até o dia 14 de janeiro, quando termina o prazo para submissão de dados para avaliação no inquérito.
A investigação da Comissão de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Parlamento irá avaliar as dimensões do atual mercado de macacos como animais de estimação no Reino Unido; se a atual legislação garante proteção adequada aos macacos e se é aplicada de forma efetiva e, finalmente, se deve ser adotada ou não uma proibição.
“Macacos não são animais domésticos. Há muitas coisas que as pessoas não entendem sobre o comportamento deles. Por exemplo, quando você vê imagens de um macaco sorrindo em cartões de aniversário, a verdade é que aquilo não é uma expressão de felicidade. Aquilo pode ser uma expressão de medo”, afirma Brooke Aldrich, líder de campanha na Wild Futures.