A cidade argentina de Ushuaia, a mais perto da Antártida em todo o mundo, iniciou ontem, terça-feira, a construção de uma das primeiras casas autossustentáveis da América Latina, que utilizará energia solar e eólica para manter a temperatura durante todo o ano e reciclará seus próprios resíduos.
O projeto, que leva o nome de “Tol-Haru, Ushuaia. A Nave Terra do Fim do Mundo”, foi criado pela ONG Natureza Aplicada à Tecnologia (NAT), e conta com a colaboração do arquiteto Michael Reynolds, que promove o conceito de casas autossustentáveis.
O organizador do projeto, Mariano Torre, explicou à Agência Efe que escolheram Ushuaia, a “cidade do fim do mundo”, como “um símbolo de uma nova relação entre o ser humano e a Terra que não seja tão destrutiva” e seja capaz de utilizar os resíduos para produzir novos recursos.
Além disso, Torre é nativo da cidade austral, e agradece “com a alma” poder devolver “algo” do que recebeu de seu lar.
A casa projetada por Reynolds é um “modelo de sobrevivência simples” e consiste em duas construções em forma de cilindro de 50 metros quadrados, fabricadas utilizando cerca de 300 pneus, três mil latas, cinco mil garrafas de plástico e três mil de vidro, entre outros materiais reciclados.
Ao seu redor, uma armação de vidro cria um efeito estufa para manter a temperatura da casa constante entre 18 e 22 graus e economizar assim energia elétrica em uma cidade onde o inverno é a única estação do ano.
O projeto é desenvolvido como um curso no qual participarão 70 voluntários de todo o mundo, de lugares tão afastados como a Turquia e a Austrália, junto com indígenas da comunidade Qom argentina.
Torre descreve a construção desta casa como “uma semente”, e espera que “todos os participantes plantem outras sementes em seus países, nos vizinhos e no mundo todo”.
O criador do conceito de “Naves Terra”, Reynolds, será o professor dos participantes durante as três semanas de desenvolvimento do projeto.