A primeira previsão do tempo para uma estrela anã marrom acaba de ser divulgada – e os prognósticos não são bons. Astrônomos preveem chuva de ferro derretido e “neve” de areia quente, com possibilidade de trovoadas e furacões. Novas observações do telescópio Spitzer, da agência espacial americana Nasa, revelam nuvens turbulentas que circulam ao redor da estrela anã marrom.
Estrelas anãs marrons são consideradas uma espécie de versão “fracassada” de um astro normal, já que elas não conseguiram adquirir massa suficiente para sustentar o contínuoprocesso de fusão de átomos. A previsão meteorológica foi divulgada no 23º encontro da Sociedade Americana de Astronomia, em Washington.
É o retrato mais detalhado já feito de um planeta fora do sistema solar. Ao comentar o estudo, o professor Adam Burgasser, da Universidade da Califórnia, fez uma brincadeira com a canção de jazz “Let It Snow! Let It Snow! Let It Snow!”.
“Vamos todos cantar a previsão de nossa estrela anã mais próxima: deixe nevar pedras, deixe nevar areia, deixe nevar minerais”, disse Burgasser.
Os astrônomos usaram o Spitzer para analisar 44 estrelas anãs marrons diferentes no sistema de Luhman 16AB – o mais próximo da Terra com presença de estrelas anãs, a 6,5 milhões de anos-luz do nosso sistema. Eles encontraram evidências de clima em apenas metade delas.
“As tempestades em estrelas marrons são muito mais violentas e variáveis”, diz Aren Heinze, da Stony Brook University, de Nova York. “A chuva é quente demais para virar água. Provavelmente se trata de ferro derretido e silicatos (areia).”
Na medida em que os astros giravam ao redor do próprio eixo, os astrônomos observaram mudanças no brilho da superfície – sinais da existência de nuvens.
“Isso faz de nós ‘astro-meteorologistas’. Nós conseguimos prever quão encoberto o tempo ficará, qual será a temperatura e quanto vento haverá em um determinado dia”, disse Burgasser.
Os ventos detectados possuem velocidades de 160 a 640 quilômetros por hora. As temperaturas alcançam 1,2 mil graus e há nuvens cobrindo metade da superfície do planeta.
Uma nuvem chega sozinha chega a cobrir 20% da estrela. Astrônomos a compararam com a Grande Mancha de Júpiter, uma gigantesca tempestade que cobre 1% do planeta.
“Ao que tudo indica, a Grande Mancha Vermelha não é tão grande assim”, diz Burgasser.