Cadáveres (humanos e de animais) se constituíam como única opção de faculdades e universidades para o ensino da anatomia. Depois dos Estados Unidos, onde foi descrita pela primeira vez como estratégia de ensino, em 2002, a técnica da pintura corporal (bodypainting) ganha adeptos na academia brasileira. A pioneira no país foi a Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, seguida pelo Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) e pela Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs), ambas em Porto Alegre. As duas cidades sediam a rede internacional Laureate International Universities, que conta com 29 instituições de ensino em países da América, da Ásia e da Europa.
“A pintura corporal faz parte de um conjunto de outras técnicas, como projeção corporal, anatomia palpatória e anatomia digital, que integram um rol de ferramentas que resultam em uma nova metodologia de ensino da anatomia”, explica a psicóloga Juliana Bredemeier, professora responsável pela implementação da metodologia de ensino na Fadergs. Segundo ela, a proposta da instituição prevê o uso apenas de laboratórios secos (sem cadáver) e leva em conta as particularidades de aprendizagem presentes em jovens adultos.
“Adultos necessitam saber o motivo pelo qual devem realizar determinado aprendizado, além de aprenderem melhor com a experiência. Eles também concebem a aprendizagem como resolução de problemas e conseguem compreender melhor quando o tópico tem valor imediato”, acrescenta Bredemeier, admitindo que os motivadores mais potentes para a aprendizagem do adulto são internos. “Assim sendo, buscamos ferramentas adequadas ao ensino da nova anatomia para esse perfil de aluno trabalhador.”
Conforme lembra Juliana Bredemeier, tais ferramentas têm como embasamento o envolvimento do aluno de forma ativa no aprendizado, saindo da posição passiva (em que o professor é detentor do conhecimento) para a investigação, o questionamento, o estudo autônomo e, principalmente, o envolvimento e o encantamento com a formação.
Trazida ao Brasil pela Rede Laureate em 2008, a técnica permitiu que profissionais pudessem desenvolver estratégias de ensino em saúde em cursos como biomedicina, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, psicologia, medicina veterinária, entre outros. A Fadergs, de acordo com Juliana, começou a capacitar uma equipe de professores para a nova técnica em novembro de 2012. Na instituição, a metodologia já foi utilizada para trabalhar os sistemas esquelético, muscular e cerebral.