Cientistas uruguaios vão estudar, nos próximos meses, os possíveis efeitos da maconha no sono e na vigília, uma área de estudo que promete aumentar nos próximos anos, graças à regulação do mercado da erva, aprovada em dezembro.
Um grupo multidisciplinar de pesquisadores da Universidade da República Uruguaia (estatal) esperam a regulação da norma que legaliza a produção de maconha para iniciar um estudo sobre quais dos 500 componentes da planta promovem sono e vigília. As informações foram publicadas no jornal “El Observador” na edição do último domingo (26).
Em dezembro passado, o Uruguai se tornou o primeiro país a aprovar o controle do mercado de maconha e derivados, um projeto inédito promovido pelo presidente José Mujica.
A regulamentação da polêmica lei – que deve ser concluída em abril – vai determinar as variedades da droga que serão produzidas, o grau de concentração e como serão concedidas as licenças para plantar, inclusive os casos em que a maconha colhida tiver como finalidade a pesquisa ou a industrialização para uso farmacêutico.
“Há usos e efeitos atribuídos à maconha que nos interessam analisar pelas temáticas que trabalhamos”, afirmou Atilio Falconi, professor do Laboratório de Neurobiologia do Sono da universidade.
Inicialmente, a pesquisa vai se concentrar na ciência básica, mas os cientistas não descartam no futuro repassar as conclusões de seus estudos a interessados da medicina clínica.
A aprovação da norma pôs o país sul-americano no foco da atenção mundial e atraiu laboratórios estrangeiros que consultaram o governo local sobre como será implementada a produção e se poderão adquirir a droga.
Laboratórios de Canadá, Israel e Chile são alguns interessados, segundo fontes oficiais. As mesmas consideram que a implantação da produção de maconha atrairá investimentos do setor farmacêutico, em um momento em que os possíveis benefícios da droga com fins medicinais ganhem terreno em nível global.
Após sua regulamentação, os maiores de 18 anos poderão adquirir maconha mediante o cultivo, em clubes de consumidores ou comprando-a em farmácias, em todos os casos com limites e registro prévio junto ao Estado.