O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de
novembro, foi instituído como data comemorativa pela Lei 12.519/2011, mas será
comemorado oficialmente como feriado nacional, a partir deste ano, em decorrência da
Lei 14.759 de 21 de dezembro de 2023. Considerando que o exercício da cidadania
consiste na expressão da democracia, podemos afirmar que a participação consciente do
cidadão na definição dos rumos da sociedade é um imperativo civilizatório. Daí, a
evidente importância da Consciência Negra para a promoção do bem comum.
Certamente, os leitores do jornal “O Município” já ouviram falar sobre os
movimentos de resistência negra na nossa história, os quais foram ampliados com a
formação de inúmeros quilombos a partir da segunda metade do século XVI. Os
quilombolas lutaram com bravura contra a lógica perversa de uma sociedade escravocrata
que mantinha sua economia dependente do trabalho escravo e que vigorou por mais de
três séculos no Brasil. As formas de resistência mudaram com o passar do tempo e nos
dias atuais assumem os contornos de uma luta cidadã em prol da valorização da cultura
afrodescendente e da implementação de políticas públicas voltadas para a criação de
oportunidades que foram historicamente negadas aos grupos marginalizados.
De fato, é inegável a grande relevância de Zumbi dos Palmares como símbolo
maior da luta pela igualdade racial e pelos direitos dos afro-brasileiros. Outrossim, a
celebração da Consciência Negra deve ser compreendida como um convite à reflexão
crítica em torno da tomada de consciência sobre as raízes históricas dos afrodescendentes
com a necessária conscientização da nossa sociedade sobre os problemas causados pelas
práticas de racismo, intolerância, discriminação, preconceito e desrespeito às diferenças.
Portanto, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra relembra o passado
tenebroso da escravidão para que possamos compreender melhor as raízes das
desigualdades, das injustiças e das disparidades que ainda persistem nos dias de hoje.
O Dia da Consciência Negra em São João da Boa Vista
O dia 20 de novembro nos convida a refletir sobre o papel da população
afrodescendente na construção de São João da Boa Vista e do urgente combate ao racismo
estrutural que, de forma sutil e silenciosa, promove uma inaceitável segregação social que
se manifesta cotidianamente nos hábitos, falas do dia a dia, situações de trabalho, práticas
de gestão e agressões simbólicas impulsionadas pelo preconceito racial.
Sabemos que a construção de um futuro mais justo e igualitário depende também
do desenvolvimento de uma consciência histórica e cultural do contexto em que vivemos.
Nesse sentido, a “Cidade dos Crepúsculos maravilhosos” também teve sua economia
baseada no trabalho escravo, de maneira que passou a adotar o regime de produção
latifundiário-escravista na primeira metade do século XIX. Os primeiros escravos negros
começaram a chegar para trabalhar no nosso município por volta do ano de 1830.
Assim como aconteceu no Brasil escravista, os relatos da escravidão em São João
da Boa Vista demonstram a ocorrência de práticas desumanas de submissão e exploração
por meio do desmedido uso da violência contra os escravos. Por tudo isso, sabemos que
a luta pela equidade racial do passado ainda deve continuar de forma consciente e
persistente. Porém, a luta pela cidadania não deve envolver apenas a população
afrodescendente, pois todos nós, sem exceção, devemos refletir sobre o racismo,
independentemente da nossa etnia, credo, cor da pele, gênero, idade e ideologia política.
Pense nisso e vamos lutar juntos pelos direitos iguais no acesso à cultura,
educação, trabalho, moradia, saneamento básico e saúde para todos os brasileiros, com
ênfase especial para o estabelecimento de políticas de reparação histórica em favor dos
grupos marginalizados que incluem, dentre outros, os nossos irmãos afrodescendentes.
Fonte: Redação Brasil 060