Os militares terão o papel, na estratégia de Bolsonaro, de levar conhecimento técnico e disciplina a Brasília
Ao receber, ontem, o secretário de segurança americano, John Bolton, para um café da manhã em sua casa, o presidente eleito prestou uma continência que gerou polêmica nas redes sociais. Debates à parte, o gesto reforça o peso da disciplina e da ótica militar em seu governo. Ontem, após o encontro com Bolton, Bolsonaro foi à Vila Militar, onde participou de formatura na Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais.
Hoje e amanhã a agenda está reservada para mais compromissos militares. Nesta sexta-feira, vai a Guaratinguetá, no interior de São Paulo, para a formatura de sargentos da Escola de Especialistas de Aeronáutica. No sábado, vai a Resende, no Rio, onde visita a Academia Militar das Agulhas Negras.
O governo que toma posse em primeiro de janeiro terá pelo menos cinco militares na Esplanada dos Ministérios. Tarcísio Freitas comandará a Infraestrutura; Augusto Heleno, o Gabinete de Segurança Institucional; Carlos Alberto dos Santos Cruz, a Secretaria de Governo; Fernando Azevedo e Silva, a Defesa; Marcos Pontes, a Ciência e Tecnologia. Militares são cotados para outras pastas, como a Comunicação. Fora eles, Hamilton Mourão, general e ex-presidente do Clube Militar, será seu vice.
Os militares terão o papel, na estratégia de Bolsonaro, de levar conhecimento técnico e disciplina a Brasília, e também de evitar o toma-lá-dá-cá da política partidária. Esta é a lógica, por exemplo, da nomeação de Santos Cruz para uma pasta responsável pela articulação política. Os militares também devem ter voz nas políticas públicas para a segurança e para a infraestrutura.
Questionado sobre as nomeações, Bolsonaro afirmou que “quando o PT escalava terrorista, ninguém falava nada”. Eis outro inusitado papel que os experientes militares podem ter no próximo governo: contrabalançar os arroubos do futuro presidente, de seus filhos e de seus assessores mais próximos. Fonte: Portal Exame