Ex-governador é médico concursado e estava de licença até 31 de julho. Volta deveria ter ocorrido no dia 3; ele diz acreditar ter feito boa gestão.
O ex-governador Agnelo Queiroz entregou atestado e prorrogou até 12 de agosto o afastamento do trabalho na rede pública de saúde do Distrito Federal. Ele cumpriu licença-prêmio entre o fim do mandato e 31 de julho e deveria retomar as atividades como médico na segunda-feira (3).
Durante o período, o ex-gestor esteve em Buenos Aires e em Miami. Procuramos o político, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.
A Secretaria de Saúde não informou se ele continuará lotado no Hospital Regional do Gama. Com baixa popularidade, Agnelo não chegou nem ao segundo turno das eleições de 2014.
Ele disse não ter dúvidas de que fez um bom governo, afirmou “não aguentar mais mentira, perseguição e maldade” e criticou a atual gestão: “tática nazista de repetir a mentira não sabe quantas vezes para transformá-la em verdade”. Rollemberg assumiu o governo afirmando haver um rombo de R$ 3,8 bilhões nos cofres públicos.
O ex-governador se mudou para Brasília em 1980 para fazer residência médica em cirurgia-geral. A vida política começou em 1990, quando foi eleito deputado distrital. Depois, Agnelo ocupou três vezes uma vaga na Câmara dos Deputados. Em 2006 assumiu o Ministério do Esporte e em 2007, a diretoria da Anvisa.
O final da gestão dele à frente do DF ocorreu em meio a uma crise administrativa. Houve suspensão dos serviços de manutenção de gramados e limpeza de canteiros ornamentais e da segunda fase do Programa Asfalto Novo.
Além disso, foi necessário remanejar R$ 84 milhões milhões de convênios com o governo federal – incluindo o fomento a programas de combate e prevenção a doenças como dengue e Aids, que apresentaram indicadores ruins neste ano – para pagar dívidas com fornecedores e reabastecer a rede pública com medicamentos e materiaids hospitalares.
Creches conveniadas fecharam as portas por falta de repasse, e motoristas e cobradores de ônibus e micro-ônibus entraram em greve por não terem recebido salário. Servidores concursados da Educação e da Saúde chegaram a fechar o Eixo Monumental dias seguidos contra os atrasos no pagamento.
Para fazer a festa de réveillon, Agnelo cortou obras em escolas e comida de presos. O Ministério Público entrou com várias ações de improbidade administrativa contra o ex-governador.