Um apagão “massivo” de energia elétrica impactou toda a Península Ibérica e vários países da Europa, como França, Polônia e Finlândia. Além de forçar a paralisação do tráfego ferroviário na Espanha e no sul da França, voos também foram afetados na região.
Após decretar estado de emergência em todo o país, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, afirmou que não se pode descartar nenhuma hipótese sobre as causas do grande apagão, que continuava sendo investigado.
“As instituições de Estado competentes e todos os operadores privados estão trabalhando de forma coordenada para entender o que aconteceu”, disse Sánchez, em um discurso televisionado na noite de ontem. “Todas as causas potenciais estão sendo analisadas […] sem descartar nenhuma hipótese”, acrescentou. Em Portugal, o primeiro-ministro Luis Montenegro afirmou que a origem da falha de energia ocorreu “provavelmente na Espanha”. “O corte generalizado de nossa rede elétrica foi provocado no exterior do país, provavelmente na Espanha”, declarou Montenegro, na noite de ontem, aos jornalistas.
O premier português também reconheceu que a situação era “grave e inédita”, mas que ela deveria ser normalizada no país “nas próximas horas”.
Eduardo Prieto, diretor de operações da espanhola Red Eléctrica, afirmou que não era possível especular sobre as causas do apagão, após rumores de um ataque cibernético. Ele insistiu que o incidente será analisado minuciosamente. “As causas estão sendo analisadas e todos os recursos estão sendo mobilizados para solucionar o problema”, afirmou. Segundo a companhia, o blecaute afetou diversas cidades da Espanha, como Madri, Sevilha, Granada, Málaga e Cádiz. Contudo, a queda de energia não afetou as Ilhas Canárias e nem as Ilhas Baleares.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, por sua vez, descartou a possibilidade de um ataque hacker. Segundo ele, enquanto, por enquanto, não há “nenhum indício” de que o apagão tenha ocorrido devido a um ataque cibernético.
O gestor de infraestrutura ferroviária espanhola Adif anunciou no X que “os serviços ferroviários de todas as empresas foram suspensos até novo aviso”. Ele pediu ao público que não se deslocasse às estações.
Aeroportos afetados
A operadora aeroportuária espanhola Aena indicou que suas instalações estão operacionais graças aos “sistemas elétricos de contingência”, embora haja atrasos nos voos, afirmou a Aena no X, antigo Twitter. Segundo o regulador europeu de tráfego aéreo, o Eurocontrol, a interrupção teve”impacto nas partidas e chegadas de alguns aeroportos”, incluindo os de Lisboa, Barcelona e Madri, mas disse que “é muito cedo para dizer quantos voos foram ou serão afetados”.
Em vários bairros de Lisboa, a eletricidade começou a ser restabelecida, constataram jornalistas da AFP e moradores ouvidos por telefone. Segundo vários relatos ouvidos pela AFP, a queda de energia afetou vários bairros de Lisboa, cujo sistema de sinalização deixou de funcionar. Tanto em Madri, no centro da Península, quanto em Barcelona, no Nordeste, muitos moradores saíram às ruas, com os celulares na mão, em busca de cobertura. Muitos semáforos não estavam funcionando, o que gerou engarrafamentos.
O sistema de metrô espanhol também foi interrompido, e a Direção-Geral de Trânsito (DGT) pediu aos moradores que “evitem circular na medida do possível”.
O prefeito de Madri, José Luis Martínez Almeida, fez um apelo semelhante à população. “Se pudermos, ficaremos onde estamos […] estamos todos em uma situação difícil”, disse o prefeito à estação de rádio pública RNE.
Ajuda ucraniana
Diante das notícias do apagão, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou ontem, que ofereceu apoio técnico à Espanha para lidar com a emergência no país, assim como outras nações do velho continente. Em conversa com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, Zelensky destacou a experiência ucraniana em resistir a ataques à infraestrutura energética, embora as causas da interrupção ainda não tenham sido identificadas, segundo o governo espanhol.
“Ao longo dos anos de guerra e dos ataques russos contra o nosso sistema energético, a Ucrânia adquiriu uma experiência significativa em enfrentar qualquer desafio energético, incluindo os blecautes”, disse o presidente ucraniano, em comunicado.
Zelensky disse que especialistas do país estão disponíveis para colaborar com os esforços de recuperação na Espanha. “Nossos especialistas podem contribuir para os trabalhos de recuperação. Ofereci essa ajuda à Espanha”, afirmou. O presidente ucraniano também determinou ação imediata de seu governo: “Instruí o ministro de Energia da Ucrânia a agir com a máxima rapidez.” (Com informações da AFP e da Agência Estado)
Fonte: Correio Braziliense