As chuvas dos últimos dias ainda não conseguiram recuperar as barragens, apenas os mananciais menores
Os cortes de água no Distrito Federal estão suspensos nesta semana. O que significa que a população não sofrerá com interrupções no abastecimento como nos últimos dias. Entretanto, de acordo com a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), a capital do país permanece em estado de racionamento. Até porque os principais reservatórios — o do Descoberto e o de Santa Maria — continuam com perda sistemática de volume. Nem mesmo as chuvas dos últimos dias permitiram a recuperação das represas maiores, apenas de pequenos mananciais. A Barragem do Descoberto segue em alerta, e a quantidade de água disponível é de 35,6%. Há sete dias, era de 38,57%. O mesmo ocorre em Santa Maria. Na semana passada, contava com 49,49% de volume útil. Agora, está com 47,95%.
A lei permite que a Adasa faça uma reorganização entre os setores, sempre priorizando o fornecimento. Por isso, o rearranjo feito em áreas de uso urbano e rural. No Pipiripau, para garantir que não falte água nas casas, o órgão lançou uma resolução na semana passada, que diminuiu quase pela metade a vazão do Canal Santos Dumont, que abastece as propriedades rurais da região. No Barrocão, a Adasa propôs rodízio para a irrigação e fez a fiscalização. “Retiramos os cortes porque não queremos punir a população mais do que o necessário. Mas é importante frisar que continua o estado de alerta”, afirma o presidente da Caesb, Maurício Luduvice.
Para Henrique Leite Chaves, professor de manejo de bacias hidrográficas da Universidade de Brasília (UnB), a Caesb e a Adasa se precipitaram ao divulgar que não haverá racionamento na semana. “Cria um descrédito na população, que acaba interpretando que não estão dando a devida importância aos recursos hídricos, e isso é ruim.” Para ele, é importante manter o alerta, até porque só em janeiro será possível saber se os reservatórios se recuperaram da estiagem.
Por enquanto, as chuvas não conseguiram recompor as barragens. Em áreas com muita impermeabilização, o escoamento é superficial. “Quando a chuva cai, ela tem caminhos para chegar ao rio: ou vai direto ou se infiltra no solo e enche o lençol, que alimenta o reservatório”, conclui Camila Campos.