Investigado, ele é suspeito de integrar esquema de recebimento de propina. Distrital afirma que licenciamento se dá até o ‘esclarecimento dos fatos’.
Poucas horas após o afastamento do deputado distrital Cristiano Araújo (PSD) da CPI da Saúde, o deputado distrital Julio Cesar (PRB) também pediu licenciamento temporário nesta segunda-feira (29) da comissão de inquérito na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Ele é um dos citados em áudios gravados pela deputada Liliane Roriz (PTB) como suposto beneficiário de um esquema de propina em emendas que pagaram dívidas de UTIs, no fim de 2015.
De acordo com um ofício entregue à Câmara, ele diz que o afastamento dele se dá para que a CPI “continue trabalhando com isenção e imparcialidade”, ficando afastado “até o esclarecimento dos fatos” que envolveu seu nome.
Na semana passada, o deputado Bispo Renato Andrade (PR), também pediu para se afastar da comissão após ser citado como beneficiário de um suposto esquema de propina.
Como Julio Cesar não tinha suplente indicado na comissão, caberá ao bloco de parlamentares do qual faz parte indicar um novo integrante para a CPI.
Mesa afastada
Na noite da última segunda-feira (22), o Tribunal de Justiça do Distrito Federal determinou o afastamento de toda a Mesa Diretora da Câmara Legislativa. A medida cautelar (ou seja, antes do julgamento do mérito) foi pedida pelo Ministério Público do DF, para apurar suspeitas de pagamento de propina que teriam beneficiado os deputados.
A decisão é do desembargador Humberto Adjuto Ulhoa e vale até o fim das investigações. Foram afastados a presidente Celina Leão e os secretários Raimundo Ribeiro (PPS), Júlio César (PRB) e Bispo Renato Andrade (PR). A vice-presidente, Liliane Roriz (PTB), havia renunciado ao cargo.
Com o afastamento, o recém-eleito vice-presidente Juarezão (PSB) deve coordenar os trabalhos até o fim do ano. Suplentes dos secretários, os distritais Lira (PHS), Agaciel Maia (PR) e Rodrigo Delmasso (PTN) assumem as vagas pelo mesmo período. Na última terça, Celina informou que a composição antiga da Mesa Diretora deve recorrer da decisão judicial.
Investigação
A polícia apura denúncias da deputada Liliane Roriz (PTB) de que a presidente da Câmara, Celina Leão (PPS), articulou um esquema de pagamento de propina e desvio de recursos de emendas parlamentares que seriam usados para pagar contratos de gestão de UTIs.
Além dos membros da Mesa Diretora, a operação deflagrada pela Polícia Civil nesta terça também investiga o deputado Cristiano Araújo (PSD), citado nos áudios; o servidor da Câmara Alexandre Braga Cerqueira, o ex-servidor Valério Neves Campos e o ex-presidente do Fundo de Saúde do DF Ricardo Cardoso. Todos foram intimados a depor.
No total, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, 8 mandados de condução coercitiva e 4 de afastamento cautelar. As buscas foram feitas nos gabinetes parlamentares, na Presidência da Câmara e na residência das pessoas citadas. Segundo o Ministério Público, todos se apresentaram espontaneamente, dispensando o cumprimento da condução coercitiva.
“As investigações são sigilosas. Elas vieram a conhecimento público antes do momento que julgávamos oportuno. Essa palavra é muito cara, porque o princípio mais importante da investigação é a oportunidade. Isso exigiu do MP e do Judiciário a tomada de medidas na manhã de hoje”, afirmou o promotor de Justiça do Grupo de Apoio ao Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Clayton Germano.
A ação policial ocorre quase uma semana depois de a corporação apreender documentos e computadores no Palácio do Buriti, em uma investigação para apurar suspeitas de extorsão contra a presidente do sindicato dos servidores na Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues.
Nos áudios feitos por Liliane, Celina fala sobre mudança de finalidade de uma emenda parlamentar que direcionou R$ 30 milhões da sobra orçamentária da Câmara a um grupo de seis empresas que prestam serviço de UTI. Segundo as denúncias, parte dos recursos foram repassados a deputados da Mesa Diretora.