O ar-condicionado da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do maior hospital público do Distrito Federal está com defeito. Segundo funcionários e parentes de pacientes, o problema está concentrado em pelo menos duas alas, de traumatologia e coronariana do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Em função disso, eles contam que as janelas das unidades de tratamento intensivo precisam ficar abertas e até soro fisiológico está sendo usado para resfriar o corpo das pessoas que estão internadas no local.
A falha no ar-condicionado foi verificada na quarta-feira (4/1) e confirmada pela Secretaria de Saúde. Os familiares e parentes dos pacientes estão preocupados, pois acham que o fato de as janelas da UTI ficarem abertas representa risco de contaminação. É o caso office-boy Pedro Alves, 27 anos, que tem um amigo internado no local. “A contaminação também pode vir de fora”, diz.
A professora Flávia Gonçalves, 52 anos, está com o filho, César Gonçalves, 28, internado há uma semana no HBDF e também se mostra apreensiva. “Os profissionais estão trabalhando no limite. Sei que, por conta do problema do ar-condicionado, meu filho pode ter uma piora significativa. Estamos implorando que a Justiça e a mídia nos ajudem a solucionar esse caso”, desabafa.
O filho de Flávia sofreu um acidente de carro e teve traumatismo craniano. Estava no pronto-socorro do hospital e, há dois dias, foi transferido para a UTI do setor de traumatologia. Segundo ela, os funcionários disseram que estão precisando usar soro fisiológico nos pacientes, para ajudar a manter a temperatura do corpo equilibrada.
O infectologista Alexandre Cunha diz que os parentes e amigos dos pacientes têm motivo para ficar preocupados com a situação. “A infecção, neste caso, é algo que pode ocorrer. A temperatura mais alta pode causar o acúmulo de bactérias e gerar infecções.” Sobre a solução de abrir as janelas, ele lembra que a medida facilita a entrada de insetos. “Eles podem ter contato com os pacientes e transmitirem outras doenças”.
Nos últimos meses, várias reclamações e denúncias sobre a precariedade na rede pública de saúde têm surgido. Entre elas, longas filas de espera para a realização de procedimentos cirúrgicos, elevadores quebrados, telefones cortados, falta de medicamentos, de água quente nos banheiros dos hospitais, de médicos, gasolina para as ambulâncias, entre outros problemas.
Medida de urgência
Sobre problemas no ar-condicionado do HBDF, a Secretaria de Saúde do DF informou que “em algumas áreas da UTI adulto, o equipamento de ar-condicionado funcionou de maneira ineficiente, com temperatura abaixo da ideal.” Mas garante que empresa responsável pela manutenção foi “imediatamente acionada e iniciou o reparo técnico.”
Sobre a decisão de abrir as janelas, a pasta justificou que “foi uma medida de urgência, temporária, tomada pelas equipes de plantão na UTI, em conjunto com a Comissão de Controle de Infecções do HBDF, para evitar o risco de contaminação em pacientes.”
Funcionários que trabalham na UTI do HBDF também denunciaram a falta de materiais, como luvas, capotes e agulhas. A secretaria informou que a denúncia não procede.