observar o movimento no céu em 1989, astrônomos em locais diferentes da Terra diagnosticaram o corpo celestial HD 114762 b, localizado há 132 anos-luz daqui. Como o objeto não brilhava, os cientistas comemoravam a descoberta do primeiro que orbita uma estrela que não o nosso Sol. De um lado do Atlântico estava o astrônomo David Latham, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos EUA. Do outro, Tsevu Mazeh, da Universidade de Tel Aviv.
Mais do que uma descoberta, esses cientistas lançaram um mistério que ainda não foi solucionado. Seria aquela bola com uma massa 11 vezes superior à de Júpiter um planeta de verdade? A possibilidade de a resposta ser “sim” persiste. Mas há quem aposte que seja uma anã marrom, um corpo com massa demais para ser planeta e de menos para ser estrela.
Essa dúvida faz com que parte da comunidade científica e astronômica internacional não sopre as velas dos 25 anos. Para esses pesquisadores e para a Nasa, 1995 é o ano da primeira descoberta de um exoplaneta.
Pendengas cronológicas à parte, a existência de ao menos 1.696 exoplanetas – ou planetas extrassolares – já foi confirmada, e esse número não para de subir. Todos os dias, há novas confirmações de planetas que orbitam outras estrelas, inclusive em outros sistemas planetários. As três últimas confirmações (dos exoplanetas WASP-68 b, WASP-73 b e WASP-88 b) aconteceram em 10 de abril desde ano.
Geralmente, os exoplanetas têm tamanho similar ao de Júpiter e não apresentam condições necessárias para a existência de qualquer forma de vida em sua superfície.
Pelo descoberto até agora, os astrônomos dizem que há 3 tipos de exoplaneta: “os gigantes gasosos”, “os gigantes gelados” e os que apresentam tamanho semelhante ao da Terra, que têm temperaturas altíssimas e que orbitam em curtos espaços de tempo.
Esses planetas não são detectados visualmente. Dois dos métodos mais utilizados pelos astrônomos são a análise dos efeitos gravitacionais que eles exercem sobre as estrelas que orbitam e o impacto que causam às estrelas à medida que passam em frente delas.
Em 2006, foi lançada a Corot, a primeira missão espacial projetada para procurar exoplanetas. O satélite, projetado para detectar exoplanetas rochosos quase tão pequenos quanto a Terra, descobriu 31 planetas até novembro de 2012.
Outra missão, a Kepler, da Nasa, lançada em março de 2009, tinha como objetivo procurar planetas tipo terrestres orbitando na zona habitável de outras estrelas.
Em 2010, a equipe anunciou seus primeiros achados. Cinco exoplanetas foram descobertos nos primeiros 43 dias de pesquisas. Conhecidos como “Júpiteres quentes”, por causa de sua grande massa e alta temperaturas – entre 1093.3ºC e 1648.9ºC, orbitam estrelas maiores e mais quentes que o Sol.
Em agosto daquele mesmo ano, a missão confirmou a existência de 2 exoplanetas do tamanho de Saturno e um possível terceiro planeta 1 vez e meia maior que a Terra orbitando uma estrela a 2.200 anos luz da constelação de Lyra. Essa foi a primeira descoberta de um sistema planetário com mais de um planeta cruzando ou transitando pela mesma estrela.
A missão também foi responsável por confirmar a descoberta do seu primeiro planeta rochoso, o Kepler-10 b, em janeiro de 2011. Com tamanho 1.4 maior que a Terra, esse é o menor planeta descoberto fora do Sistema Solar.
Ainda em 2011, houve a descoberta de um planeta que orbita duas estrelas, cuja existência os cientistas tentavam provar por décadas.
Até o momento a missão Kepler registrou a existência de 2.903 candidatos e a confirmação de 942 exoplanetas, de acordo com a Nasa.
O desafio agora é encontrar planetas terrestres, especialmente aqueles localizados na zona habitável de suas estrelas, onde água no estado líquido e vida podem existir. A Nasa divulgou recentemente, em abril de 2013, a descoberta de 2 novos sistemas planetários que incluem 3 exoplanetas com tamanhos similares ao da Terra na zona habitável, entre eles o Kepler-62 f, que é 40% maior do que a Terra e aprenseta uma composição rochosa.
Os cientistas ainda não sabem se há vida nesses planetas recém-descobertos, mas esses descobrimentos são sinais de que estamos dando outro passo em direção à descoberta de um planeta semelhante à Terra que orbita uma estrela como o nosso sol.
“É só uma questão de tempo para sabermos se a galáxia é casa para uma multidão de planetas como a Terra, ou se somos uma raridade’, disse John Grunsfeld, um dos administradores do Diretório da Missões Científicas da Nasa, em Washington ao site da agência americana.
“A detecção e a confirmação de planetas é um trabalho enormemente colaborativo de talentos e recursos, e requer ‘expertise’ da comunidade científica para produzir resultados”, explicou um dos principais pesquisadores da Nasa na Califórnia e principal autor do artigo sobre o sistema Kepler-62 para a revista Science, William Borucki.
“Kepler trouxe um ressurgimento de descobertas astronômicas e estamos fazendo um excelente progresso no sentido de determinar se planetas como o nosso são uma regra, ou exceção”, declarou à agência espacial norte-americana.
Fonte: Terra