A brasileira Ana Paula Maciel foi libertada nesta terça-feira após pagar fiança, informou o tribunal de São Petersburgo, na Rússia. Ana Paula e outros seis ativistas do Greenpeace foram detidos por autoridades russas em 18 de setembro ao protestar contra exploração de petróleo no Ártico. Nesta terça, o grupo participou de uma audiência judicial, que definiu que a brasileira vai responder o processo em liberdade. O anúncio foi divulgado pelo perfil no Twitter do próprio Greenpeace.
Segundo a ONG, a gaúcha foi a quarta pessoa, dentre os 30 presos, a ter o pedido de fiança aceito, e a primeira que não é de nacionalidade russa. Nesta segunda, o fotógrafo freelancer Denis Sinyakov, a médica Ekaterina Zaspa e o ativista Andrey Allakhverdov – todos russos – também ganharam liberdade. Já o australiano Colin Rusell teve a prisão preventiva estendida por mais 3 meses. No início da manhã (horário de Brasília), a Justiça russa ainda anunciou a liberdade, após o pagamento de fiança, do argentino Miguel Hernan Perez Orsi e do neozelandês David John Haussmann.
“Esta é a mais bela notícia que eu recebo nos últimos dois meses, mas a Justiça só será feita quando todas as acusações absurdas forem derrubadas”, afirmou Rosangela Maciel, mãe de Ana Paula, ao receber a notícia da libertação da filha. “Uma pessoa que só faz o bem pelo planeta, como minha filha, precisa ser reconhecida pelos seus atos, não acusada injustamente. Somente assim podemos ter fé no futuro”, disse.
A Justiça russa ainda não divulgou quais as restrições para a liberdade provisória de Ana Paula. Nos próximos dias, deverá ser divulgado se ela poderá deixar o país ou receber visitas.
Após a decisão favorável, o Greenpeace tenta obter sucesso junto aos demais acusados. “O pedido de fiança ter sido aceito para alguns de nossos amigos foi uma ótima notícia. Mas só vamos celebrar quando todos estiverem livres para voltar para casa e quando suas acusações forem retiradas”, disse Mads Christensen, do Greenpeace Internacional. Até o final da semana, a Justiça deve decidir sobre o destino de todo o grupo de 28 ativistas e dois jornalistas.
Os 30 membros da tripulação do Arctic Sunrise foram detidos após um protesto no qual alguns tentaram escalar uma plataforma de petróleo. Eles foram encarcerados em Murmansk e depois transferidos para São Petersburgo (noroeste).
Os ativistas foram acusados de pirataria, e depois de vandalismo, sem que esteja claro se a primeira acusação tenha sido retirada. Se forem condenados por pirataria, os ativistas podem cumprir uma pena de até 15 anos de prisão, enquanto a pena por vandalismo pode chegar a sete.
A ação do Greenpeace tinha como objetivo denunciar os riscos da exploração de petróleo no Ártico, uma região com ecossistemas particularmente frágeis. A apreensão do navio do Greenpeace e a detenção dos ambientalistas desencadeou protestos em todo o mundo.