Pacífico tocou com a saxofonista Hope Clayburn e faz parte do Câmbio Negro
Ao contrário do que normalmente acontece, não foi o violão (nem a guitarra) que conquistou Moisés Pacífico quando era ainda adolescente e queria aprender música. De uma família envolvida com a área, ele ainda não tinha encontrado o instrumento que o fizesse ter certeza do que iria tocar. Até que teve contato com o contrabaixo e, de cara, não teve dúvidas. “Eu me encontrei e descobri que era o meu caminho”, lembra.
O músico, de 33 anos, é um dos destaques da leva atual de instrumentistas brasilienses. Além de participar de bandas covers de grupos e trabalhar com eventos e gravações, Pacífico toca os projetos autorais DNP e So What, faz parte do grupo de rap Câmbio Negro e já acompanhou artistas como a saxofonista americana Hope Clayburn.
Hope, que gravou com James Brown e dividiu palco com Prince, foi apresentada a Pacífico por uma amiga e, quando veio tocar no país, convidou o brasiliense para acompanhá-la. A parceria deu certo e os dois se tornaram amigos. “Nós tivemos uma química musical muito forte e criamos uma relação de irmandade”, conta.
A saxofonista, que fez diversos elogios públicos ao brasiliense, chegou a convidá-lo para tocar nos Estados Unidos. “Estou trabalhando para ir participar do lançamento do álbum dela no outono por lá e quero fazer uma pesquisa também sobre a música black americana”, diz o baixista.
Apesar de caminhar por vários gêneros, é, de fato, a música black que guia o estilo e a pegada de Pacífico. Não por acaso, ele foi convidado para fazer parte do icônico grupo de rap brasiliense Câmbio Negro, que voltou à ativa recentemente e fez, em abril, um grande show durante as comemorações do aniversário de Brasília na Esplanada dos Ministérios.
Fã do grupo, ele conta que estava, coincidentemente, ouvindo Câmbio Negro quando recebeu a ligação com o convite para tocar na banda. “Eu estava preparado, com o repertório todo na cabeça. É aquela história, quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece”, acredita.
Desafios também fazem parte da rotina do músico. Com formação autodidata, há cerca de quatro anos, Pacífico resolveu se aprofundar no estudo teórico em cursos da Escola de Música de Brasília (EMB), mas fugiu do convencional e se dedicou a aprender, do início, baixo acústico.
Dedicação
A ideia de lutar para sempre, estar pronto e preparado faz parte da filosofia do baixista. “Quando você se prepara, a música é generosa, ela te retribui. Estudo algo e logo aparece um projeto relacionado. A música é assim, quando você se doa, ela doa algo de volta para você”, reflete.
Pacífico reconhece a dificuldade de viver de música no Brasil, mas prefere o caminho do estudo e da dedicação ao dos lamentos. “Toda carreira tem suas dificuldades, mas quando você faz o que ama, o que gosta, tem mais chances de estar no lugar certo na hora certa, falando a coisa certa. As pessoas esquecem muitas vezes do sonho e vivem dentro de um padrão, mas é possível conquistar o que se deseja. Enquanto o ar está rarefeito para uns que estão reclamando, outros lutam.”