Brinquedo estava atado às roupas da criança. Mãe e funcionária agiram para conter as chamas. Suspeita é de adulteração no gás dentro do balão.
Um balão infantil inflado com gás explodiu e pegou fogo nas mãos de uma criança no Shopping de Águas Claras, no Distrito Federal, no domingo (18). Há suspeita de que o balão tenha sido enchido de maneira irregular.
A assessoria do Shopping de Águas Claras disse nesta segunda que não soube do ocorrido do dia anterior. O comunicado diz: “Até o presente momento, não identificamos nenhuma ocorrência a respeito. Não recebemos nenhum registro”.
O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) informou que, para ser comercializado no Brasil, balões metalizados ou de latex devem constar advertências sobre o uso e os riscos do brinquedo.
O brinquedo estava atado à roupa do menino. Ele não se machucou, graças a ação rápida da mãe e de uma funcionária do restaurante em que a família almoçava na hora da explosão. A mãe relatou o incidente no Facebook para alertar sobre os riscos do brinquedo.
“Estava no Shopping de Águas Claras e comprei para o Dudu um balão de gás em um floricultura. Fomos almoçar e, de repente, o balão explodiu e pegou fogo… Pior que a corda do balão estava amarrada na blusa do Dudu”, escreveu a mãe.
Na internet, a mãe contou que, quando percebeu as chamas, correu para ajudar o filho. Ela arrebentou o barbante que amarrava o balão às roupas da criança. Uma funcionária conseguiu apagar o fogo com um extintor de incêndio.
Brinquedo perigoso
Segundo o professor de risco químico da Universidade de Brasília (UnB) Celso Cavalcanti, a suspeita é de que o gás no balão estava contaminado.”Um balão inflado com gás hélio tem risco zero de explodir e criar chamas”, explicou.
Segundo Cavalcanti, o brinquedo poderia conter gás hidrogênio ou gás de cozinha. Ambos fariam o balão flutuar e chegam a ser 20 vezes mais baratos no mercado. “O problema é que são altamente perigosos”, disse.
O especialista alerta para o risco de usar gases inflamáveis em brinquedos. Assim como o gás de cozinha, o hidrogênio, em contato com faísca ou fonte de calor, pode produzir chamas altas e até ferir a criança. Os pais devem ficar atentos à procedência do balão.
No depoimento, a mãe da criança levantou essa hipótese. “Eu pensei que esses balões vendidos nos shoppings eram mais seguros, mas me enganei… Foram enchidos com outro gás sem ser o gás hélio, um mais barato e inflamável!”, ela reclamou.
Balões recolhidos
Graça Araújo, proprietária da floricultura que vendeu o balão à mãe da criança, garantiu, no entanto, que o fornecedor usa gás hélio para inflar os balões. “Mesmo assim recolhi os balões da loja por precaução e não vou mais vender”, afirmou.
A recomendação do Inmetro é adquirir apenas produtos em mercado formal, ou seja, que emitem nota fiscal e que contenham o selo de identifiação da conformidade na embalagem. Esse selo evidencia que o produto foi submetido a ensaios do instituto.
“Todos os acidentes de consumo, tais como esse, devem ser relatados ao Inmetro, que mantém o Sistema Inmetro de monitoramento de acidente de consumo (Sinmac)”, diz o instituto em nota. O sistema ajuda o Inmetro a definir ações para reduzir acidentes com produtos e serviços.