A conversa entre Oriente e Ocidente é uma das marcas mais evidentes do Balé Nacional da China, que sobe ao palco do Centro de Convenções Ulysses Guimarães nesta segunda (20/5) para uma apresentação única e gratuita. Como celebração dos 45 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, o grupo mostra em Brasília um repertório de gala, com o clássico O lago dos cisnes.
Criado em 1959 a pedido do então presidente Mao Tsé Tung, que levou mestres da Academia Vaganova, da Rússia para treinar os bailarinos, o Balé Nacional da China é uma das últimas companhias estatais do mundo. Moldada à maneira das instituições tradicionais russas do período soviético, ela incorporou a metodologia e os repertórios que fizeram da dança clássica russa a mais conhecida do mundo no século 20, mas não deixou de lado as raízes orientais.
No palco, os 82 bailarinos executam com vigor as coreografias clássicas enquanto exploram a tradição chinesa no modo de interpretar os personagens. A ópera, o teatro e a própria história do país ganham uma leitura contemporânea nas pontas, pernas e braços dos membros da companhia. “Se, por um lado, eles têm a base clássica, por outro, eles se utilizam dessa base para trazer os elementos tradicionais, a história deles. Nessa linha, você tem como resultante um amálgama com muitos elementos da cultura chinesa presente”, explica Steffen Dauelsberg, diretor executivo da Dell’Arte, que traz o Balé Nacional da China ao Brasil.
Balé popular
O repertório da companhia inclui muitos balés criados dentro da temática chinesa — como o Lanternas vermelhas de Zhang Yimou, que não será apresentado em Brasília e sim nas outras cidades da turnê — nos quais é possível enxergar a China tradicional. Para a turnê brasileira, no entanto, a Dell’Arte decidiu deixar a peça de fora por questão de logística. “A gente quis trazer um clássico acima de qualquer suspeita, com O lago dos cisnes, para que o público interessado entenda qual a leitura e o resultado da formação clássica da escola chinesa”, avisa Dauelsberg.
O Balé Nacional da China foi uma das primeiras incursões do país na dança clássica, mas hoje há muitas companhias, e o balé se tornou tão popular quanto a ópera de Beijing. “Hoje tem grupos privados que montam complexos e grandes grupos de entretenimento que têm teatros, tiqueteiras, agências de viagem e corpos artísticos. Pode ter ópera de Beijing, balé contemporâneo, orquestra de música tradicional. E tem teatros incríveis construídos nos últimos 10, 15 anos em qualquer cidade de mais de 5 mil habitantes, o que não é muito difícil de encontrar na China”, conta Dauelsberg.
Segundo o produtor, a logística para trazer um balé como o da China precisa começar a ser organizada com anos de antecedência. A companhia não vinha ao Brasil há nove anos e, mesmo assim, nem todo o repertório previsto – O lago dos cisnes e Lanternas vermelhas – poderá ser apresentado em todas as cidades. “Cada uma dessas companhias tem períodos que colocam à disposição para circular ou para fazer intercâmbios artísticos. São projetos que, para serem maturados, demoram cinco, seis anos”, explica. “É uma composição de forças. E não posso deixar de citar a aprovação na Lei de incentivo, esse mecanismo é a única forma de viabilizar projetos dessa forma no Brasil. Estamos fazendo ações de formação, colocando em contato com diversas companhias brasileiras, os chineses darão aulas e mais de seis mil ingressos serão distribuídos para o espetáculo.” De Brasília, o Balé Nacional da China vai para Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte.
Balé Nacional da China
Segunda (20/5), às 20h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães — Auditório Master. Entrada Gratuita. Os ingressos gratuitos podem ser retirados no dia do evento a partir das 18h, na bilheteria do teatro. Até 2 ingressos por pessoa e sujeito a lotação.