Quase 70 toneladas de diversos produtos sem valor comercial, mas ainda com propriedades nutricionais, são doadas semanalmente a instituições
Além de receber mantimentos, elas passam por capacitações oferecidas pela Ceasa em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Entre os cursos destacam-se o de aproveitamento integral e preparo de alimentos e o de elaboração de cardápio.
Programas
Responsável pelo Banco de Alimentos, o gerente de segurança alimentar e nutricional Natalino de Souza Neto informa que, praticamente, todos os itens da cesta básica estão nas doações. “Arroz, feijão, hortifrutigranjeiros, óleo e carnes, entre outros, são alguns dos alimentos sempre presentes.”
A iniciativa integra três programas. Um deles é o de Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, gerido no DF pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Nesse caso, o governo compra alimentos de produtores e os encaminha à Ceasa para distribuição.
Outra modalidade é o Programa Desperdício Zero, no qual os comerciantes procuram o banco para repassar alimentos fora dos padrões de venda. “A qualidade é fundamental e o que não se aproveita a gente encaminha para agricultores usarem como adubo e enriquecimento do solo”, frisa o gerente.
No Programa de Doação Simultânea qualquer produtor pode encaminhar ou pedir que a Ceasa busque as doações. Nesse caso, também admitem-se parcerias com instituições públicas. O Planetário, por exemplo, mensalmente redireciona ao banco todo o alimento não perecível entregue pelos visitantes. “Quando não há uma destinação específica, os donativos recolhidos em eventos governamentais são encaminhados para nós.”
Creches beneficiadas
A empresa Diniz Laranjas já chegou a abastecer o banco de alimentos com 5 toneladas da fruta em pouco mais de uma semana. Mais do que um gesto social, a direção do empreendimento percebe na ação uma forma de melhorar a gestão administrativa do negócio.
Antes da sua criação, não havia outra alternativa para os produtores senão o descarte dos produtos. A empresa fazia doações esporádicas, mas muitas pessoas de má-fé pediam as caixas cheias dizendo representar entidades carentes e vendiam a mercadoria em outras feiras.
Para evitar situações como essa, a Ceasa agora fiscaliza diretamente as entidades. Segundo o gerente Natalino de Souza Neto, assim que os representantes cadastram as instituições como beneficiárias, uma comissão avalia a necessidade da solicitante e anualmente volta para constatar se o alimento é usado nas refeições dos usuários.
Dependentes de doações
Representante da creche Santa Rita, em São Sebastião, Alessandra de Oliveira Alves, de 26 anos, diz que os mantimentos do Banco de Alimentos correspondem à principal fonte de alimentação das cerca de 90 pessoas atendidas. “Chegávamos a gastar quase R$ 1 mil por mês com comida e agora investimos esse dinheiro em benfeitorias na instituição”, comemora.
Wenceslau Dutra Gomes, de 35 anos, da creche Alecrim, na Estrutural, elogia a qualidade dos alimentos. “Tudo muito balanceado e variado.” Na entidade, aproximadamente 120 crianças fazem atividades lúdicas, socioeducativas e esportivas todos os dias e se alimentam por lá.
Como se cadastrar
Quem deseja inscrever uma entidade como beneficiária do Banco de Alimentos precisa atender alguns pré-requisitos, como ter Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), ata do presidente, estatuto, estar registrada no órgão de controle relacionado à finalidade do serviço e ser convalidada no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional da Presidência da República.
Os contatos do Banco de Alimentos para se cadastrar ou se tornar um doador são o telefone 3363-1204 e o e-mail bancodealimentos@ceasa.df.gov.br.