DER decide, na quarta, data inicial para mudanças. Velocidade máxima deve passar de 50 km/h para 40 km/h; Buriti e Crea pediram laudo sobre a estrutura.
O governo do Distrito Federal determinou, nesta terça-feira (29), a proibição do trânsito de caminhões e veículos de carga na pista sobre a barragem do Paranoá, construída no fim da década de 1950. A decisão é motivada por uma preocupação do governo com a estabilidade da estrutura.
Veículos leves e ônibus continuarão a transitar na pista, mas a velocidade máxima deve ser reduzida de 50 km/h para 40 km/h. A data inicial para as novas regras deve ser anunciada nesta quarta-feira (30) pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que administra a via.
Por enquanto, não está definido se a mudança é permanente, ou se poderá ser revertida no futuro. O governador Ibaneis Rocha (MDB) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-DF) pediram à Companhia Energética de Brasília (CEB) que emitisse um laudo sobre a segurança da barragem.
O pedido foi feito na sequência do rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a CEB e o DER, no entanto, a barragem do Paranoá tem características completamente distintas e não corre risco semelhante (veja abaixo).
Pequenos reparos
Mesmo antes de receber a nova avaliação, o governo determinou a realização de pequenos reparos na pista da barragem. O pacote inclui correção de fissuras no trânsito, impermeabilização e recapeamento da via.
De acordo com o Palácio do Buriti, essas medidas já foram definidas porque constam em um relatório emitido pela CEB em 2015. Quatro anos depois, nenhum dos pedidos foi atendido.
Segundo o presidente da CEB, Edison Garcia, o laudo emitido nesta terça reforça esses pedidos, mas descarta risco grave na estrutura.
“O laudo diz que a barragem está normal, tem o nível de risco B [intermediário], que é baixo do ponto de vista estrutural da barragem e que precisamos fazer algumas mudanças. Precisamos impermeabilizar a pista de rodagem porque o asfalto não está 100% impermeabilizado, ele tem alguns buracos”, diz.
“Do ponto de vista técnico, é prudente que essa estrada seja totalmente impermeabilizada, pavimentada e que os drenos sejam revitalizados”
Sem mineração
Em nota ao G1, o governo do DF explicou que a barragem do Paranoá é feita de terra e rochas, e tem características “completamente diferentes das barragens de Mariana e Brumadinho”.
A primeira diferença está na função: enquanto as estruturas rompidas em MG eram voltadas ao represamento de rejeitos de mineração, a barragem do DF lida apenas com armazenamento de água. Ao todo, 498 milhões de metros cúbicos podem ser guardados no reservatório.
Segundo o governo, a energia média gerada pelo fluxo de água no local correspondeu a cerca de 1,5% de todo o consumo elétrico do DF. Na nota, o Palácio do Buriti também citou manutenções preventivas que são feitas “periodicamente na estrutura”:
- leitura dos instrumentos de monitoramento, a cada 15 dias;
- inspeção da estrutura por meio de check-list, uma vez por mês;
- limpeza do terreno de toda a propriedade da barragem, a cada dois meses;
- inspeção regular segundo as regras da Agência Nacional de Energia Elétrica, anualmente. Essa análise, segundo o governo, avalia os parâmetros e medições de forma detalhada, “incluindo uma checagem de todo o dado coletado ao longo do ano”, e
- uma revisão periódica por equipe multidisciplinar especializada externa, a cada sete anos. Fonte: G1