Projeto ‘Octo’ surgiu na Dinamarca, e se espalhou pelo DF após ser implantado em Santa Maria. Bichinhos são esterilizados, e remetem ao cordão umbilical da gestação.
Bebês prematuros que nasceram no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília, nas últimas semanas receberam um presente especial nesta segunda (1º): polvos de crochê que foram feitos por voluntárias, em Águas Claras, no fim de semana. Os bichinhos foram esterilizados e, em seguida, entregues às crianças.
Logo no primeiro contato, o pequeno Gustavo se agarrou aos tentáculos do bichinho – os criadores do projeto dizem que as pernas do polvo se assemelham ao cordão umbilical, para os bebês.
“Eles se agarram àqueles tentáculos como se fosse o tempo que ficavam protegidos, ali dentro do útero materno, né?”, explica a coordenadora da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais do hospital, Telma Nascimento.
Os pais aprovaram a medida, e disseram notar uma melhora imediata no comportamento dos bebês. “Bom demais. Ele ficou mais confortável lá dentro”, comentou Tamires Barbosa, mãe do recém-nascido Lorenzo. “Muito legla. O Kauã gostou, e eu também gostei”, diz outro pai, Osmar Miranda.
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Bebê prematuro com polvo de crochê em UTI do hospital de Santa Maria, no DF
Os polvos foram confeccionados por voluntárias que se conheceram em um grupo de moradores de Águas Claras, em uma rede social. Em entrevista à TV Globo, as artesãs falaram sobre a alegria de emprestar o próprio tempo para ajudar bebês prematuros.
“O legal é você fazer o bem, é você saber que um serviço manual, que você fez, vai trazer tanta felicidade, tanta alegria e tanto conforto para o bebê. E, para a mãe, né? Porque a mãe, em consequência disso, fica mais tranquila”, diz Janete Brito.
“O contato que eles não podem ter com a mãe deles, eles vão ter com o nosso artesanato. É um pouquinho da gente que está indo ali”, afirma Elaine Tripiano, que idealizou o mutirão deste fim de semana.
Quem quiser ajudar o grupo de voluntárias a produzir novos polvos pode entrar em contato com Elaine pelo telefone 9-8193-1257. É possível ajudar doando material e dinheiro para a compra das linhas, ou se inscrevendo para participar das próximas oficinas. Em 13 de maio, o grupo fará um novo mutirão em Ceilândia.
Projeto “Octo”
O uso de bichinhos para promover a recuperação de bebês prematuros faz parte de uma iniciativa implementada pela primeira vez na Dinamarca, em 2013, e veio para o Brasil por meio da ONG Prematuridade. Segundo a Secretaria de Saúde do DF, tem efeito positivo comprovado na situação clínica dos recém-nascidos.
Bebês prematuros da UTI neonatal do Hospital de Santa Maria foram os primeiros no Distrito Federal a dividirem o espaço da incubadora com os polvos de crochê. Os bonecos são feitos em fios 100% algodão, com oito tentáculos de 22 centímetros de comprimento. Maiores que as próprias crianças, os polvos envolvem os bebês, evitando acidentes e choques nas paredes da incubadora.