Na contramão da crise econômica, um segmento do mercado imobiliário vê grandes perspectivas de expansão no Brasil. O wellness building, um nicho voltado a consumidores de alta renda interessados em associar moradia, qualidade de vida e inovação pelo bem-estar, pode representar um mercado de R$ 428 bilhões apenas no país.
O dado faz parte de um levantamento da Global Wellness Institute (GWI). O estudo A Economia Global do Bem-Estar AG7: Brasil, realizado em parceria com a AG7, primeira incorporadora de wellness building do Brasil, mostra que o país figura entre os 11 mercados mais relevantes do segmento no mundo, aparecendo ao lado de nações como a Austrália, e o mais promissor na América Latina.
A CEO da GWI, Susie Ellis, explica que o mercado internacional está de olho no Brasil para novos empreendimentos, uma vez que o mercado de consumo consciente retomou o ritmo após a pandemia. “Agora, todos que querem explorar a economia de bem-estar do Brasil e ter um melhor entendimento sobre onde se posicionar face aos seus pares e concorrência, poderão obter esses dados valiosos”, aponta.
Milionários
O crescimento do segmento tem explicação. Na última semana, relatório do banco Credit Suisse mostrou que o Brasil “ganhou” 59 mil milionários em 2021. Até o final do ano passado, havia 266 mil pessoas com mais de R$ 1 milhão na conta bancária, diante de 207 mil em 2020. O banco também estima que esse grupo deverá crescer e chegar a 572 mil milionários em 2026, dos 87 milhões que deverão existir no mundo.
Por isso, diz Andressa Gulin, head de inovação na AG7, esse é um mercado em pleno desenvolvimento no país. “Há uma enorme versatilidade no ecossistema de wellness no Brasil, um país que exporta referências de saúde, beleza e bem-estar. Para as empresas, números como esses mostram como e onde investir melhor no país, estimulando uma cadeia produtiva sustentável, perene e com impacto na qualidade de vida da população”, avalia.
Em todo o mundo, a economia wellness, que engloba diversos serviços e produtos, como beleza, saúde e educação, movimentou R$ 22,8 trilhões em 2020 e deve chegar a R$ 36 trilhões até 2025, crescendo em uma velocidade de 10% ao ano.
“Passamos em média 90% do nosso tempo dentro de espaços construídos, com grande impacto na saúde e no bem-estar de moradores e trabalhadores. O conceito de wellness real estate vem destacar a importância que os imóveis incorporem de forma intencional elementos que incentivem hábitos de vida saudáveis em seus projetos, materiais, construções, assim como nas suas comodidades, serviços e programações”, afirma Gulin
A aplicação de princípios wellness ao mercado imobiliário determina que um projeto residencial tenha elementos destinados a respeitar a qualidade de vida do ocupante. Com isso, os residentes podem esperar estruturas desenvolvidas para contribuir para uma rotina saudável, criando rituais de desconexão e alívio do estresse.
“Cada vez mais, os brasileiros procuram alternativas saudáveis de estilo de vida, não só na alimentação, na atividade física e nos procedimentos e produtos de beleza, como também no seu modo de viver em moradia, imprescindível hoje para o bem-estar e a saúde física e mental. Por isso, a expectativa do setor no país é de ter um crescimento exponencial nos próximos anos”, reforça Gulin.
Premiação
Um dos projetos arquitetônicos que contou com a incorporação da AG7 — o Ícaro Jardins do Graciosa, no bairro Cabral, em Curitiba — recentemente ganhou o prêmio de arquitetura internacional “Rethinking The Future”. A incorporadora que se apresenta como precursora do conceito de casas suspensas no Brasil, espera fechar o ano com R$ 50 milhões de faturamento.
De acordo com Alfredo Neto, CEO da AG7, a expectativa é de crescimento sustentável do mercado. “A revolução na busca por saúde e bem-estar já começou e é uma indústria colossal que engloba medicina alternativa, tratamentos em spas, exercícios, turismo, cosméticos e muitos outros e, os dados do GWI, mostram que essa preocupação vem crescendo a taxas exponenciais, incluindo o mercado de real estate. As pessoas já alteraram seus estilos de vida e passaram a priorizar uma vida mais saudável e balanceada”, afirma.
Conceitos
“O building wellness nada mais é que a junção dos pilares dos conceitos green building, associados aos princípios de healthy building, que desenha as experiências de cada espaço, planta ou área abordando de forma holística os sete pilares de wellness que levam ao estado de bem estar”, explica Andressa Gulin. “Juntos, esses conceitos focam em estabelecer uma balança equilibrada entre lazer, bem-estar e qualidade de vida. Tal definição prioriza por proporcionar estímulos positivos através de pilares importantes como localização, exclusividade, design, sustentabilidade, serviços e, principalmente, saúde”, explica a chefe de inovação da AG7.
Os temas agora estão mais presentes no cotidiano dos cidadãos, na avaliação dos líderes da agência. Os empreendimentos de building wellness, por exemplo, são pensados, literalmente, para abraçar a importância da qualidade de vida.
Nas áreas comuns, existe a preocupação em trazer ambientes que consideram o bem-estar do indivíduo e conectam, inspiram e potencializam essa sensação, muitas vezes a partir da criação de ambientes ao ar livre com muito verde, por exemplo.