Rede é formada por 116 cidades do mundo que compartilham estratégias, experiências e conhecimentos sobre indústria cultural. Se for aceita, Brasília será 5ª cidade do Brasil a participar.
No ano em que Brasília comemora três décadas como patrimônio cultural da humanidade, a capital federal busca uma vaga para ser reconhecida como “cidade criativa do design” pela Unesco, que promove o desenvolvimento sustentável no turismo e na economia.
A inscrição da capital no processo seletivo foi anunciada nesta terça-feira (6) pelo governador Rodrigo Rollemberg, dez dias antes do prazo final. O resultado será divulgado pela Unesco no dia 31 de outubro.
Criada em 2004, a rede é composta por 116 cidades de 54 países que atuam em cooperação para aprimorar as estratégias de desenvolvimento por meio de sete pilares da indústria criativa e cultural. Além do design (parte em que o DF concorre), há também artesanato e artes folclóricas, gastronomia, cinema, literaturas, artes midiáticas e música.
No Brasil, cinco cidades fazem parte da rede – sendo Belém e Florianópolis em gastronomia, Curitiba em design, Salvador em música e Santos no cinema. Na categoria design, estão incluídos setores como arquitetura, decoração, moda, arte de rua e design gráfico.
Compromisso
Segundo o secretário-adjunto de Turismo, Jaime Recena, integrar a rede garante à capital mais que um título, mas a chance de estimular ainda mais os artistas locais.
“O brasiliense respira design e tem esse reconhecimento da população. Brasília nasceu no design.
Se a capital for aceita na rede, terá de assumir o compromisso de compartilhar boas práticas com outras cidades, firmar parcerias que fortaleçam atividades culturais e integrar estes fatores nos planos de desenvolvimento urbano.
Também deverá ampliar os investimentos em criação, produção e distribuição de atividades culturais, bem como o acesso à arte pela população mais desassistida.
“Brasília reúne o que há de melhor na arquitetura e urbanismo, com Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, nas artes plásticas com Athos Bulcão, no paisagismo com Burle Marx. Estes e outros permitiram que a nossa capital pudesse, muito cedo, ser reconhecida como patrimônio cultural da humanidade”, afirmou Rollemberg.
Para o designer Aciole Felix, a participação de Brasília na rede da Unesco, além de fomentar a produção artística local, será uma oportunidade de levar nomes candangos para fora do país.
Com arte que se utiliza de desenhos arquitetônicos e a topografia da capital, Felix levou para Milão e Paris um pouco do que Lúcio Costa idealizou para a capital, além da estética própria. “Meu objetivo é desmistificar Brasília como uma cidade exclusivamente política. Levo a beleza dos prédios públicos, da cidade que a gente ama.”
Algumas das obras do artista foram exibidas no Palácio do Buriti durante a coletiva, junto ao trabalho de outros designers do coletivo “Natural de Brasília” – que reúne cerca de 30 marcas genuinamente brasilienses.
A participação na rede também vai permitir que Brasília “troque figurinhas” com outras cidades que tiveram experiências positivas na área, “além de mostrar o que nós sabemos fazer de melhor”, afirmou o secretário-adjunto Recena.
“O design tá no ar que a gente respira, na arquitetura, nas jóias, na produção de artesanato, na gastronomia. Em tudo.”