Seis meses depois da data prevista, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), inaugurou, nesta sexta-feira (25/3), o novo complexo de produção de vacinas do Instituto Butantan. O Centro de Produção Multipropósito de Vacinas terá capacidade de produzir 100 milhões de doses por ano e foi construído com investimentos que somam R$ 189 milhões, valor que o governo paulista diz ter sido fruto de doações de 75 empresas privadas e de três pessoas físicas.
O espaço de três andares, localizado na zona oeste de São Paulo, será utilizado para a produção de 100 milhões de doses por ano, desde a primeira etapa do processo. Hoje, somente o envasamento da vacina CoronaVac é feito no país, e o insumo é preparado na fábrica da chinesa Sinovac.
Com a nova instalação, além da CoronaVac, serão produzidas vacinas contra raiva, zika e hepatite A. A ideia não é só ampliar a variedade de imunizantes fabricados nacionalmente, mas aumentar a capacidade para fornecer imunizantes aos parceiros na América Latina.
“É uma fábrica 100% digital e sustentável que vai gerar cerca de 130 empregos diretos, com engenheiros, especialistas de todas as idades, homens e mulheres. Esta fábrica é uma vitória de São Paulo e do Brasil. São Paulo apoia, respeita e prestigia a ciência. Já ofereceu a vacina a mais de 120 milhões de braços”, afirmou o governador de São Paulo na inauguração.
Estrutura
Foram investidos R$ 189 milhões, sendo R$ 80,9 milhões doados por empresas privadas à Fundação Butantan e R$ 108,7 milhões enviados diretamente para a organização da sociedade civil Comunitas, responsável pela arrecadação.
Apesar do atraso na entrega, o prédio já existia. O espaço era pensado inicialmente para ser uma fábrica de hemoderivados do Butantan. Foi preciso então adaptar a sua estrutura para a nova função do local. Foram construídos laboratórios de biossegurança nível 3, para manipular material biológico infectante, no caso vírus e bactérias.
Composto por dois prédios, a dinâmica nos processos começará no andar mais alto e as soluções do processo de produção serão tratadas e enviadas ao térreo, onde ficará a produção. O subsolo será destinado à área de descontaminação de efluentes.
O projeto foi pensado para se adequar ao desenvolvimento de outros antígenos virais com base celular. Portanto, em caso de uma nova emergência sanitária, o Brasil terá condições de iniciar rapidamente a produção de eventuais novas vacinas.
Protesto
Durante a apresentação da nova fábrica pelo governador de São Paulo, João Doria, dezenas de pesquisadores e cientistas do Instituto Butantan faziam um protesto no local, reclamando que estão sem reajuste desde 2011. “Se vacina boa é vacina no braço, ciência bem feita se faz com cientistas valorizados”, dizia uma faixa que os manifestantes seguravam na manifestação.
Fonte: Correio Brasiliense