População está com as torneiras vazias há seis dias, e enfrenta dificuldade até para encontrar água em comércios. Abastecimento de Sobradinho I e II, Mestre D’Armas e Vale do Amanhecer já foi restabelecido, afirma companhia.
Em Planaltina, região administrativa do Distrito Federal, as torneiras estrão vazias há quase seis dias – período em que a capital registrou a maior temperatura da história, 37,3°C. Diante desse cenário, a população vem enfrentando dificuldade até para encontrar galões de água nos comércios.
O presidente da Companhia de Saneamento do Distrito Federal (Caesb), Maurício Luduvice, disse que o “restabelecimento de Planaltina está em fase de recuperação e deve estar normalizado amanhã [nesta quinta-feira]”.
A Caesb informou que o canal Santos Dumont – responsável por retirar água do córrego Pipiripau para a irrigação de agricultores – foi fechado e, com essa medida, normalizou-se o abastecimento de Sobradinho I e II, Mestre D’Armas e Vale do Amanhecer.
“Até a semana passada, a captação de água no Pipiripau era de 250 litros por segundo. Ela, então, caiu para 125. Houve um uso intenso da água na bacia. Com as ações da Adasa, na gestão do Piripipau, voltamos a captar 250 litros por segundo. Esse aumento de vazão está permitindo a regularização dos abastecimentos”, explicou o presidente da Caesb.
Enquanto o fornecimento não é normalizado, moradores da região afirmam que os galões de água estão sendo vendidos por R$ 100. A balconista Rejanne de Jesus, 42 anos, mora na Vila Buritis – um dos bairros de Planaltina – e, desde a última sexta (13), está sem água em casa.
“A reserva da nossa caixa d’água acabou e, no domingo, tentamos comprar água, mas até os depósitos estavam sem. Liguei em um local e queriam cobrar R$ 45 pelo galão vazio e R$ 25 só para enchê-lo. Na Estância, tem gente vendendo por R$ 100”, contou Rejanne de Jesus.
Para garantir o banho da família, a balconista disse que está sem lavar roupas e louças. “Economizamos as descargas, recolhemos águas em baldes. Mesmo economizando o máximo, está bem difícil
A situação afetou até mesmo as aulas da Escola Classe 7, onde estudam 430 crianças. As aulas foram suspensas. O horário foi reduzido para duas horas e meia nesta quarta-feira, segundo a direção do colégio. As atividades, ainda que em menor período, só vão ser mantidas porque a direção abastece a caixa com água comprada de um caminhão pipa.
O especialista em saneamento e meio ambiente Adauto Santos questiona a atuação da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa) e da Agência Nacional de Águas (ANA) na gestão dos recursos do Pipiripau.
“Por que não fizeram um plano diretor dos recursos hídricos da bacia do Pipiripau? Lá, foi autorizada a captação de água para irrigação. […] A lei define de forma clara os usos prioritários. Abastecimento humano é prioridade. ANA e Adasa não fazem o papel deles de reguladores. São verdadeiros desastres.”
Nesta terça, moradores de Planaltina se reuniram com integrantes da Caesb, Adasa e da administração regional para debater a falta de água. A companhia apontou que durante o encontro foram explicadas as origens da crise hídrica, “principalmente provocada pela indisponibilidade de água nos mananciais que a Caesb utiliza para abastecer aquela região”.
Córregos ‘secos’
Na última sexta, a Caesb anunciou que iria interromper a captação de água em córregos de Brazlândia, Planaltina e Sobradinho. Com isso, as regiões passaram a ter o abastecimento comprometido. A companhia disse que a medida é para “evitar falta de água em maior proporção”.
O motivo, é que além dos reservatórios do DF estarem com os níveis mais baixos da história, os córregos também estão secando. O presidente da Caesb Maurício Luduvice informou que os níveis dos principais córregos estão “tão baixos” que as bombas “não conseguem captar a água”.
“Essas regiões são abastecidas por um sistema independente, ou seja, a gente não tem um reservatório para armazenar a água. Dependem, única e exclusivamente, da água que chega na nossa capitação.”
Como a captação é feita diretamente no curso do rio, com a mudança, toda a vez que o nível dos córregos ficarem abaixo das bombas vai faltar água. Na prática, segundo a Caesb, não é possível prever nem avisar aos moradores quando eles vão ficar sem abastecimento. A recomendação é adquirir uma caixa d’água.
Em nota, a companhia pede, ainda, que a população “continue a exercer um consumo consciente e adequado da água”, de forma a “manter e ajudar na melhoria do sistema como um todo”.