Cantora comemora 76 anos de carreira com repertório de Amália Rodrigues, Frank Sinatra, Carlos Gardel e Edith Piaf. Espetáculo será nesta sexta (9) no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Antes de pegar o microfone, uma xícara de café “bem quente” com uma “pitada” de manteiga é a terapia vocal de Bibi Ferreira, que se apresenta nesta sexta-feira (9) no Distrito Federal. “Em cima do café, derrete, fica aquela coisinha assim”, disse gesticulando, como se as mãos fossem a própria manteiga, durante coletiva de imprensa.
Considerada uma das maiores vozes do Brasil, a “dama dos palcos” celebra 76 anos de carreira com a turnê “4xBibi”, que chega de Nova York ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães, às 21h30.
O show reúne grandes sucessos de Amália Rodrigues, Frank Sinatra, Carlos Gardel e Edith Piaf, nomes que acompanharam Bibi durante 34 anos da trajetória artística. Somente a interpretação da francesa Piaf – elogiada mundialmente – rendeu turnês mundiais de 1983 a 1990.
Um sexteto sob a regência do maestro Flávio Mendes, responsável pelos arranjos e direção musical, acompanham Bibi. Ao longo do espetáculo, as músicas são costuradas pela narração de Nilson Raman, que assina o roteiro com Mendes e a própria cantora.
Bibi aproveita os intervalos para contar histórias curiosas sobre a carreira e os nomes que interpreta. Uma delas é que Amália Rodrigues foi ao show de Bibi 14 vezes em Lisboa somente para vê-la interpretar Piaf – especialmente a música “L’accordéoniste”.
“Ela gostava de me ver cantar essa música, porque é dificílima, com palavras atropeladas, com dicção difícil”, contou.
Aos 95 anos, recém-completados em 1º de junho, Bibi revelou de onde vem a energia que emana de cima dos palcos: da simplicidade. “Se eu gosto de uma coisa, vou nessa coisa [de forma] simples. Comer simples, dormir simples.”
Questionada sobre a possibilidade de se aposentar ou fazer uma pausa, ela devolveu a pergunta: “Parar? Só se ficar doente, se tiver algum problema. Mas até hoje tenho tido uma saúde de ferro e uma disposição bem fora do comum.”
“A melhor coisa que eu tenho na vida é a minha carreira.”
A íntima relação com os palcos e microfones, fizeram da música parte indissociável de Bibi. Mesmo assim, ela afirmar enxergar a própria arte como mero trabalho. “Desculpe não ser tão romântica, mas a música e o palco fazem a minha carreira. E a minha carreira é tão importante quanto a de um bom pedreiro. É a profissão de cada um”, disse ao G1.
Sobre a preferência musical, Bibi não exitou em dizer que Sinatra é o favorito. “Eu me entrego de corpo e alma à música norte-americana. Acho a melhor de todas. Harmonia, melodia, feitura.”
“Night and day”, “Got you under my skin”, “Old man river” são as músicas que diz cantar com o coração. Segundo ela, durante uma turnê nos Estados Unidos, a interpretação da última música fez tanto sucesso que Bibi estranhou a reação eufórica da platéia.
“Pensei que estavam debochando de mim de tanta palma que batiam.”
Artista de berço, filha do ator, dramaturgo e diretor Procópio Ferreira, Bibi iniciou a carreira em 1941, aos 19 anos, quando foi lançada pelo pai no espetáculo “La locandiera”, de Goldoni. Em 1962, trouxe o primeiro musical norte-americano ao Brasil: “My fair lady”, que estreou no Rio de Janeiro, estrelado pela própria Bibi.
Próximo show
Em agosto, a artista retoma o repertório nacional, que não está na agenda de shows há seis anos. A última turnê com músicas de compositores brasileiros foi “De Pixinguinha a Noel, passando por Gardel”, de 2010 a 2011.
Desta vez, a voz de Bibi entoa nomes femininos como Dolores Duran, Chiquinha Gonzaga, Elis Regina, Maria Betânia e Maysa. “Bibi por toda a minha vida”, que tem pré-estreia em Recife, João Pessoa, Santos e Paulínea, chega a São Paulo em setembro, depois passar pelo Rio de Janeiro e fecha o ano em Curitiba, em dezembro.
Foi ventilada a possibilidade da criação de um programa de TV, mas o projeto está “muito verde ainda”, segundo ela.
Serviço
Data: sexta (9)
Hora: 21h30
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Eixo Monumental
Ingresso: R$ 70 a R$ 250 (meia-entrada) – compra na Central de Ingressos ou pela internet