Ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça e candidata do PSB ao Senado da Bahia, a ex-ministra Eliana Calmon convidou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, a entrar na legenda. O encontro ocorreu na semana passada, em Brasília. Barbosa não deu nenhuma resposta concreta.
Como informou no dia 18 de fevereiro, Eliana Calmon tinha sido encarregada dessa tarefa pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A ideia de Campos é que Barbosa dispute o Senado pelo Rio de Janeiro, onde ele vota. Em declarações que fez após a divulgação da notícia de que seria procurado pelo PSB, Barbosa afirmou que não seria candidato a presidente, mas não disse se disputaria ou não outro cargo eletivo. Atribuiu a possibilidade de um convite do PSB às “conversas e especulações” próprias do momento.
Naquela ocasião, Campos negou que tivesse intenção de convidar o ministro do STF para entrar no partido. Provável candidato ao Senado, o ex-jogador e deputado Romário Farias, presidente do PSB no Rio de Janeiro, anunciou que abriria mão da vaga para Barbosa.
Relator do processo do mensalão e responsável por levar à prisão parte da antiga cúpula do PT e de outros partidos aliados do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, como Valdemar Costa Neto (PR) e Roberto Jefferson (PTB), Barbosa seria o segundo anúncio de impacto do PSB na pré-campanha eleitoral. Em outubro, o partido abrigou a ex-ministra Marina Silva (Meio Ambiente), que não conseguiu registrar a sua Rede Sustentabilidade. Marina deverá ser vice na chapa de Eduardo Campos.
De acordo com integrantes do PSB, Campos sempre teve vontade de conversar com Barbosa sobre seu futuro na política. Não quis procurá-lo, no entanto, para que seu gesto não parecesse um assédio político. Pediu então a Eliana Calmon que conversasse com o colega quando tivesse oportunidade.
Sonho. Barbosa no PSB é um velho sonho de seus integrantes. Em 19 de novembro do ano passado, o presidente do STF foi convidado a se filiar na legenda pelo deputado Romário.
O ministro nunca disse um “não”, o que animou os pessebistas. O máximo que afirmou foi que não era candidato a presidente da República. Pela legislação eleitoral, Barbosa terá de sair do STF até 4 de abril, prazo limite para magistrados e integrantes do Ministério Público saírem caso queiram ser candidatos. O próprio Campos deixará o governo de Pernambuco no dia 4 para dedicar-se integralmente à campanha.
A respeito dos planos de Joaquim Barbosa, sabe-se que ele dificilmente ficará no Supremo até os 70 anos, idade da aposentadoria compulsória. Ele tem 59 anos.
Em novembro, passará a presidência da Corte ao ministro Ricardo Lewandowski, seu desafeto. A amigos, o ministro teria dito que, depois do julgamento do mensalão, considera-se um “player” no processo eleitoral deste ano.