Chefe da Casa Civil se demitiu na quarta e diz ter sido alvo de chantagem.
Texto cita ‘falsas e vazias acusações’ e diz estranhar ‘ausência de denúncias’.
A Câmara Legislativa do Distrito Federal divulgou nesta quinta-feira (11) uma nota em que repudia as declarações do secretário-chefe da Casa Civil, Hélio Doyle, que pediu demissão do cargo nesta quarta (10). Em entrevista ao Bom Dia DF, Doyle disse que era alvo de chantagens e que distritais pediam cargos em empresas públicas em troca de apoio político.
No texto, a Câmara diz sofrer “ataques gratuitos” do gestor, que deixa o cargo no início da próxima semana. “Para justificar a sua mais recente exoneração, o ex-secretário levanta falsas e vazias acusações contra os membros da CLDF, das quais afirma não possuir qualquer prova. Mas por cada uma delas terá que responder no foro competente”, diz a nota .
O documento é institucional e não tem a assinatura de um parlamentar ou da Mesa Diretora. A presidente da Câmara, Celina Leão (PDT), afirmou que Hélio Doyle será acionado judicialmente. Sem cargo público, ele não pode ser convocado a depor na Casa.
“A instituição vai entrar com uma representação para que ele diga quais deputados fizeram atos ilícitos. Para que ele cite quando aconteceu e de que forma aconteceu”, disse Celina. Citada no discurso de demissão de Doyle, a parlamentar afirmou no mesmo dia que nunca pediu ao governador Rodrigo Rollemberg que exonerasse o chefe da Casa Civil.
‘Chantagem’
Ao Bom Dia DF, Doyle falou sobre a chantagem citada no discurso de demissão. “Teve um deputado que chegou e pediu ao governador uma empresa. ‘Governador, me dá uma empresa?’ Queria ter o comando de uma empresa pública. Para que ter o comando de uma empresa pública?”, disse.
O secretário manteve sigilo em relação aos nomes dos distritais envolvidos na denúncia. “Estou relatando fatos que envolvem, inclusive, alguns dos deputados que apareceram agora falando”, disse, fazendo referência à reportagem exibida minutos antes pela TV Globo.
A reportagem trazia declarações dos distritais Joe Valle (PDT), Chico Leite (PT), Agaciel Maia (PTC), Liliane Roriz (PRTB), Chico Vigilante (PT) e Sandra Faraj (SD), além de imagens da presidente Celina Leão.
Valle disse que está “tranquilo” em relação às declarações de Doyle. “Tenho muita tranquilidade e acharia saudável que ele dissesse os nomes”, afirmou. Liliane Roriz e Chico Leite também disseram que “não se sentiram ofendidos”. A deputada Sandra Faraj cobrou posicionamento de Doyle e de Rollemberg.
“Acho que ele [Doyle] está meio amargurado, jogando ao vento. Ele está dizendo que saiu do governo porque foi chantageado? Não foi por que não conseguiu fazer a gestão? Então, tem que dizer quem chantageou. O governador Rollemberg também tem que se posicionar. Tem que ter provas, porque chantagem é crime”, disse Faraj. A reportagem tenta resposta dos outros parlamentares ouvidos pela TV Globo.
“Não adianta me pedir nomes porque fica o jogo do ‘eu disse, não disse’. É uma questão de confiabilidade, ou se acredita ou não se acredita”, afirmou Doyle na entrevista.
Demissão
Colegas de governo e distritais disseram na quarta-feira que não tinham sido consultados sobre a demissão de Doyle. O secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas, afirmou ter recebido a notícia com “surpresa”.
No discurso de demissão, Doyle disse ter se tornado “o alvo das críticas” de opositores, setores da imprensa e de parlamentares distritais e federais. Coordenador da transição do governo Rollemberg, ele fez uma defesa da gestão atual e disse que “quem aposta no fracasso do GDF vai quebrar a cara”.
Leia a íntegra da nota divulgada pela Câmara Legislativa do DF:
A Câmara Legislativa do Distrito Federal vem a público repudiar os ataques gratuitos que está sofrendo do ex-secretário Hélio Doyle.
A demissão do ex-secretário é problema exclusivo do Poder Executivo do DF.
Quanto às irregularidades que o ex-servidor público, Hélio Doyle, diz ter tido conhecimento durante sua gestão na Casa Civil, causa estranheza o fato do ex-servidor não as ter denunciado às autoridades competentes, à época dos fatos.
Para justificar a sua mais recente exoneração, o ex-secretário levanta falsas e vazias acusações contra os membros da CLDF, das quais afirma não possuir qualquer prova. Mas por cada uma delas terá que responder no foro competente.
A Câmara Legislativa do Distrito Federal não se afastará do dever que lhe foi legitimamente delegado pelo povo do Distrito Federal e continuará legislando na defesa intransigente dos interesses e necessidades da população. Também não abrirá mão de fiscalizar o Poder Executivo cobrando maior transparência, eficiência e eficácia de seus atos, independente da opinião de qualquer secretário de Estado.
g1