Candidatos ao GDF buscam alianças para vencer os obstáculos da disputa por votos. Entre os nomes, há três ex-vice-governadores
Eles são conhecidos pelo eleitorado do Distrito Federal. Com os votos da população, chegaram a ocupar as cadeiras do Congresso Nacional, da Câmara Legislativa e do Palácio do Buriti. Mas, na disputa de 2014, ou mesmo antes disso, ficaram de fora do quadro de vencedores, devido a impedimentos judiciais, ao fracasso das coligações ou ao baixo apoio popular. Neste ano, querem conquistar espaço no poder outra vez. Na contramão da tão aguardada renovação política, articulam alianças e se apresentam como pré-candidatos a cargos majoritários e proporcionais.
O maior número de ex-parlamentares interessados em voltar ao jogo integra o PT. Entre os quatro postulantes está o ex-deputado federal Geraldo Magela. Citado em delações da Odebrecht por supostas irregularidades nas obras do Setor Habitacional Jardins Mangueiral, ele deve concorrer ao cargo de distrital para garantir o foro privilegiado. Em 2014, tentou alcançar uma vaga no Senado, mas acabou em terceiro lugar, com 268.459 votos.
A ex-vice-governadora Arlete Sampaio também está no páreo. Cotada para o Palácio do Buriti, ela optou por se candidatar a distrital — forma mais segura de testar o prestígio nas urnas depois de ter ficado de fora da última corrida eleitoral. “Já participei de muitas eleições, concorrendo ao Senado, a vice e ao governo. Dei minha contribuição. Quero uma campanha com chances reais. Além disso, a Câmara Legislativa é um espaço onde posso atuar melhor nas questões de Brasília”, argumenta.
O Legislativo local ainda está na mira do ex-deputado federal e ex-presidente regional do PT Roberto Policarpo e do ex-distrital Patrício. Resta saber se todos vão alavancar as candidaturas, uma vez que dois dos três deputados petistas com mandato pretendem concorrer à reeleição. No discurso de quem, de fato, disputar o pleito, haverá palavras em defesa do legado e da candidatura do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Lava-Jato.
Quociente eleitoral
Ainda pela esquerda, o PSol tem como uma das prioridades a eleição da ex-parlamentar Maninha a deputada federal, principalmente por conta da cláusula da barreira, estabelecida com a reforma política de 2017. Ela ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados uma vez. Nas duas últimas eleições, acabou derrotada nas urnas, porque a sigla não alcançou o quociente eleitoral necessário.
No campo da centro-direita, com o sobrenome do tio, Paulo Roriz pretende voltar ao cenário político como candidato a deputado federal, após ser convencido por correligionários. Ele trabalhou como distrital entre o fim de 2013 e 2014, quando assumiu o posto de Raad Massouh, que teve o mandato cassado na Câmara Legislativa. Na última vez em que testou as urnas, Paulo conquistou 10.960 votos. O índice foi superior ao alcançado por Luzia de Paula (PSB), parlamentar menos apoiada. Ainda assim, por conta das regras eleitorais, não ganhou o cargo (leia O que diz a lei). Se persistir na ideia, deve enfrentar uma disputa em família: Joaquim Roriz, que leva o nome do avô, também estará no páreo.
Fundadora do tucanato no DF, Maria de Lourdes Abadia mantém proximidade com potenciais aliados, enquanto a Executiva não define as composições pelo Palácio do Planalto. O PSDB ainda não fechou questão sobre uma aliança com o PSB em nível nacional. Caso o acordo se consolide, a negociação respingará na capital e ela poderá compor a chapa do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). “Ainda não bati o martelo. Eu tenho que me pautar por uma decisão do presidente nacional do partido, Geraldo Alckmin. Depois da semana santa, devemos conversar e definir o que fazer”, afirma.
Tempo e dinheiro
O MDB, por sua vez, terá como nome forte à Câmara dos Deputados o ex-vice-governador Tadeu Filippelli. Além de comandar a sigla com o maior tempo de rádio e televisão, e dinheiro, o cacique emedebista ainda controla o PP, legenda que aparece na lista dos mais ricos. Por conta do poderio, é sondado por vários partidos para compor uma frente para o pleito.
Nos bastidores
Eleito deputado federal por três vezes, Filippelli conquistou a vice-governadoria em 2010, numa dobradinha com Agnelo Queiroz (PT). Em 2014, acabou vencido, ao concorrer à reeleição. Desde então, atua nos bastidores. Ocupava o posto de assessor especial do presidente Michel Temer (MDB) e sonhava com o comando do GDF. Os planos foram frustrados em maio de 2017, quando a Polícia Federal o prendeu temporariamente na Operação Panatenaico, por irregularidades na construção do Estádio Nacional Mané Garrincha.
Longe do poder desde 2010, quando renunciou ao cargo de governador interino do DF devido ao escândalo da Operação Caixa de Pandora, Paulo Octávio (PP) também pretende voltar ao protagonismo neste ano. O empresário concorrerá ao Senado, provavelmente, na chapa encabeçada pelo ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR), ao lado de um vice indicado por Tadeu Filippelli e de Alberto Fraga (DEM). “Fui senador por quatro anos, um período em que pude ajudar Brasília. Agora, é continuar esse trabalho, a fim de afetar de forma positiva a governabilidade da cidade, buscando recursos e apresentando bons projetos”, apontou.
Vale tudo pelo Buriti
Mesmo sem mandato há anos, alguns pré-candidatos miram o cargo de maior prestígio no jogo político do Distrito Federal: o Palácio do Buriti. Na visão de interlocutores, o posicionamento trata-se de um blefe, usado na barganha por espaço na chapa majoritária. Eles, contudo, garantem que pretendem levar o plano até o fim. Este é o caso da ex-distrital Eliana Pedrosa (Podemos), do ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-deputado federal Valmir Campelo (PPS), do ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR), e do ex-distrital Alírio Neto (PTB).
No comando do Podemos desde outubro passado, Pedrosa tem participado de reuniões para estruturar a nominata. “Meu objetivo dentro do Podemos é sair para o governo do DF. Hoje, há um número grande de pretendentes ao GDF, cada um tem seu sonho de poder conduzir a capital”, analisa. A candidatura, entretanto, depende da posição adotada pelo partido quanto ao projeto de reeleição de Rodrigo Rollemberg (PSB).
Ex-secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest) no governo de José Roberto Arruda, Pedrosa foi convidada pelo ex-governador a compor uma chapa ao seu lado, em 2014. A composição acabou vetada pelo PPS, partido ao qual era filiada, às vésperas da eleição. Foi lançada, então, à Câmara dos Deputados, mas não conquistou uma cadeira, apesar dos mais de 55 mil votos recebidos.
Lançado pelo PPS ao Executivo local no último mês, Valmir Campelo foi eleito pela última vez em 1990. À época, venceu a disputa pelo Senado. Quatro anos depois, concorreu ao Buriti, mas acabou vencido por Cristovam Buarque (PPS). Desde então, não participou mais das eleições. “Estamos flexíveis quanto à candidatura e dispostos a conversar para formar um grupo de pessoas dignas, que possam representar Brasília. Quero somar. Tenho trabalho comprovado e ficha limpa. Isso é importante”, pontuou. Ele descarta disputar um cargo proporcional.
Largada pelos votos
Dos três, Frejat é aquele em que todos apostam para ir até o fim. Recordista de mandatos no DF, ele ocupou um cargo eletivo, pela última vez, entre 2006 e 2010. Na última corrida eleitoral, foi convocado pelo ex-governador José Roberto Arruda (PR), barrado pela inelegibilidade, a concorrer pelo Buriti. Na disputa com Rollemberg, alcançou 649.587 votos no segundo turno. Para o pleito deste ano, aposta no recall e na ficha limpa.
Outro que não deve arredar o pé da disputa é Alírio Neto. Ex-presidente da Câmara Legislativa, ele esteve no poder até 2014, quando concorreu a deputado federal. Apesar dos 78.945 votos recebidos, não foi eleito. Neste ano, recebeu do alto escalão do PTB a garantia de cofres cheios para a campanha. Lançado pré-candidato no mês passado, trabalha numa aliança com PSDB, PSD, PRB e outros partidos da frente cristã.