Os católicos de Minas Gerais, e de forma especial os devotos do Beato Padre Eustáquio residentes na capital, vivem um período fértil para reverenciar a memória do religioso holandês que realizou um extenso trabalho no estado. Na noite desta terça-feira (31/1), às 19h, tem início o jubileu que lembra os 80 anos da morte do beato, em missa celebrada no Santuário da Saúde e da Paz, mais conhecido como Igreja Padre Eustáquio, no Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste de Belo Horizonte. As celebrações vão até 2025.
“As celebrações começaram em 7 de abril do ano passado, quando se completaram 80 anos da chegada de Padre Eustáquio a Belo Horizonte, são retomadas, agora, com as homenagens pelas oito décadas do falecimento, e irão até 21 de julho de 2024, para marcar os 80 anos da criação da Paróquia dos Sagrados Corações. Já em 2025, festejaremos o centenário da chegada dele ao Brasil”, diz o reitor do santuário, padre Vinícius Maciel, vice-postulador da Causa de Canonização do Beato Padre Eustáquio. A tradicional festa de Padre Eustáquio, que atrai caravanas de peregrinos, e este ano ainda mais grandiosa, ocorrerá em 30 de agosto.
Frutos sociais
Na celebração eucarística desta noite, presidida pelo padre Vinícius Maciel, e com a presença de integrante da congregação dos Sagrados Corações, de lideranças de movimentos paroquias e dos fiéis, haverá exposição das Relíquias Sagradas do Bem-Aventurado, além da bênção da Saúde e Paz, com imposição das mãos sacerdotais. A missa será transmitida ao vivo pelo Canal Padre Eustáquio no YouTube.
“Fazemos o convite para que todos os mineiros participem das homenagens ao Beato Padre Eustáquio, um missionário estrangeiro que sempre esteve próximo dos necessitados e da cultura local. Trabalhou com as comunidades, e até hoje, para se ter um exemplo, há em Romaria, na Região do Alto Paranaíba, uma horta que ele criou”, conta o reitor do santuário, certo de que “ele adubou o terreno, semeou e, agora, as pessoas colhem os frutos de uma obra social. “Sob inspiração do trabalho do Padre Eustáquio, foi criada a Casa de Acolhida Padre Eustáquio (Cape) para crianças e adolescentes com câncer, em BH, com atendimento a cerca de 500 pessoas”, acrescenta o padre Vinícius.
A caixa com as relíquias de Padre Eustáquio, que será exposta para a comunidade durante a celebração, é composta por um osso do metacarpo (mão), fios de cabelo, a condecoração belga recebida pelo beato, uma caneta usada por ele, além de um pedaço do cordão que ele usava (cíngulo) e de panos que tocaram os ossos do Bem-Aventurado.
Segundo padre Vinícius, o processo de canonização de Padre Eustáquio está em andamento no Vaticano – para se tornar santo, é necessária a comprovação de novo milagre ocorrido por intercessão do beato. “Estamos reunindo toda a documentação, que será entregue ao postulador (advogado da causa), o padre polonês Andrzej Lukaski”, diz o reitor do santuário, que levará as informações a Roma. “Nasci no Bairro Padre Eustáquio e cresci ouvindo as histórias sobre o missionário. Meu avô Francisco Mariano Maciel, era vizinho dele, o conheceu muito. Aqui, no bairro, há várias referências, em padaria e outros estabelecimentos”, orgulha-se o vice-postulador.
História
Nascido Hubbertus em 3 de novembro de 1889 em Aarle Rixtel, na Holanda, Padre Eustáquio era de família numerosa e muito religiosa. Batizado no mesmo dia em que nasceu, o garoto entrou para a Congregação dos Sagrados Corações perto de completar 15 anos.
Inspirado no ideal missionário de São Damião de Molokai, Eustáquio professou votos temporários e perpétuos em 1915 e, quatro anos depois, foi ordenado sacerdote. Em 1925 veio para o Brasil como missionário, passando por Água Suja (atual Romaria, na Região do Alto Paranaíba), Poá (SP) e outras cidades do interior mineiro, além do Rio de Janeiro (RJ). Em 1942, chegou a Belo Horizonte, onde ficou por pouco mais de um ano e quatro meses.
Picado por um carrapato, Padre Eustáquio morreu em 30 de agosto de 1943, no Sanatório Minas Gerais (atual Hospital Alberto Cavalcanti), em Belo Horizonte. Sua fama de santidade se espalhou entre as pessoas, fazendo com que a Igreja abrisse o processo de beatificação treze anos após sua morte.
Depois das várias etapas do processo, o Papa São João Paulo II, em 2003, o declarou Venerável e em 2006 o Papa Bento XVI incluiu o nome de Padre Eustáquio na lista dos Bem-Aventurados da Igreja. Atualmente, a Santa Sé aguarda a confirmação de mais um milagre para declarar Padre Eustáquio santo.
Correio Braziliense