Representantes das principais centrais sindicais do país se reuniram por duas horas para definir como as entidades devem agir diante da série de manifestações nas ruas. Após duas horas de discursos e divergências sobre questões políticas e ações da classe trabalhadora, o grupo chegou a um consenso e decidiu por uma greve geral, com paralisação e atos por todos os estados do Brasil. No “Dia Nacional de Lutas e Greves”, as centrais defenderão itens trabalhistas e outros empunhados pela população nas últimas semanas, como investimentos em educação, saúde e transporte público. “Ou o governo Dilma começa a acontecer ou vai se complicar ainda mais. Eles vão nos perder como aliados e os protestos da classe trabalhadora vão se espalhar pelo Brasil inteiro”, afirmou Antônio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). Em seus discursos, os sindicalistas fizeram questão de esclarecer que a paralisação não terá relação como ato convocado pela rede social, que propõe uma greve geral no dia 1º de julho. “As bandeiras que estão nas ruas são as que defendemos há muito tempo.
Somos favoráveis à manifestação, mas temos que fazer de um jeito que não tenha uma aparência casuística”, destacou Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Na opinião dos líderes sindicais, o movimento popular que teve como luta inicial a redução da tarifa do transporte público perdeu seu controle pela falta de liderança. Coma saída do Movimento Passe Livre dos grandes protestos, a classe trabalhadora acredita que possa assumir este papel de líder. “Estão acontecendo quebra-quebras porque falta um objetivo claro. Os manifestantes vão para a frente da Prefeitura e ficam lá durante horas gritando, mas não vão ser recebidos por ninguém. Até eu atacaria pedra. O jeito de fazer manifestação foi errado”, ressaltou o deputado federal Paulo Pereira, presidente da Força Sindical. Por isso, as centrais discutiram as pautas que devem fazer parte dos atos públicos dos trabalhadores.
Com uma pauta própria muito ampla, o grupo optou por simplificar. “Não podemos mais ficar discutindo agendinha e pautas descabidas”, enfatizou Vágner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Após um longo debate, os trabalhadores vão pedir o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho, a valorização da aposentadoria, o fim da PL 4330 (terceirização), a reforma agrária, o fim dos leilões de petróleo e mais investimentos em saúde, educação, segurança e transporte público por parte do estado. Todos esses itens serão levados inicialmente para a reunião coma presidente Dilma Rousseff, hoje, 9h30, em Brasília. O encontro fora convocado antes da unificação do discurso. “A presidente está jogando para a plateia. Ela já conhece as nossas reivindicações e não fez nada até agora. Não devemos ter nenhum retorno nessa reunião”, avalia Paulinho da Força.
Antes do acordo, foi clara a divergência entre as lideranças por conta de suas relações políticas. Aliados do PT, representantes da CUT fizeram questão de negar a inflação e elogiar a medida da presidente em convocar um plebiscito. “É a democracia representativa. Votar não é dar tutela. Tem de ouvir o povo”, enfatizou Freitas, líder da CUT que sofre forte influência de correntes petistas. Por outro lado, a Força Sindical atacou o governo Dilma constantemente. “A inflação está descontrolada por conta dessa política econômica, que está causando a desindustrialização. E essa história de plebiscito é porque o governo quer repartir a culpa dela”, disparou Paulinho. Durante as duas semanas que faltam para a paralisação do dia 11 de julho, as centrais sindicais prometem acionar todos os sindicatos para interromper estradas e os pólos industriais do país inteiro