Custo da reforma é estimado em R$ 10 milhões, mas o DER tem só R$ 1 milhão
Buracos, remendos, desníveis, asfalto deteriorado e um longo percurso de terra. O trecho da DF-001 entre a Via Estrutural e a BR-080, em direção a Brazlândia, é uma armadilha para motoristas. A situação se agrava em razão de a estrada ser de mão única. Para piorar, a pista conta com um trevo, que, de tão perigoso, ficou conhecido como “curva da morte”. Em época de chuva, a situação é ainda mais difícil. Os buracos enchem de água, e poucos conseguem enxergá-los. Por causa do estado de conservação, o veículo trepida e expõe condutores, passageiros e pedestres ao risco.
Além disso, o trecho desemboca em uma parte sem asfalto, próximo ao Km 106, rumo ao Núcleo Rural Lago Oeste, em Sobradinho. Com as precipitações, os motoristas pelejam para não atolarem ou destruírem os carros. Os buracos na DF-001 causaram um rombo no orçamento de Valmir Ventura, 37 anos. Quando dirigia para o trabalho na última sexta-feira, ele não conseguiu desviar das falhas no asfalto e teve um pneu rasgado. Segundo o representante comercial, o prejuízo ultrapassa R$ 500, quando somadas a mão de obra, a peça nova e a revisão do veículo. “Antes de eu cair nesse buraco, já tinha visto seis carros parados com o mesmo problema, no mesmo dia. Tentei ter cuidado, mas o trecho adiante estava pior ainda, acabei provando do mesmo veneno”, lamenta.
O morador de Brazlândia depende do carro para trabalhar e, segundo ele, os dias parados com a vistoria pesam no bolso. Apesar disso, ele avalia que o pior de tudo é ver a situação se repetir por anos, sem perspectiva de melhoras. “O investimento do governo é meia boca. Toda vez que chove, a água leva, não dura nada. Pode até resolver de momento, mas, na próxima chuva, vai acontecer de novo. Era necessário reformar toda a pista, trocar o asfalto”, avalia Valmir.
A família de Carla Beatriz Damasceno, 22, levou uma multa de R$ 574 por trafegar pelo acostamento, na tentativa de fugir das crateras. “A gente entende que isso vai contra o Código de Trânsito, mas ficar na rodovia é certeza de acidente”, reclama. A penalização foi aplicada ao padrasto e à mãe de Carla, quando seguiam de moto ao trabalho em uma manhã de novembro. Há dois meses, a estrada apresentava fissuras, que, de lá pra cá, só aumentaram. “Ficamos abismados com essa situação. Eles foram rápidos e espertos para aplicar a multa, mas não para resolver o problema”, critica.
Morador de Brazlândia, o mecânico Elder Fernandes Dias, 32, passa todos os dias pelo trecho. Em dezembro ele furou dois pneus e ficou com um prejuízo de R$ 560. “Essa via está em calamidade. A gente precisa ficar desviando, mas, mesmo assim, os motoristas ainda caem nos buracos. Não adianta ficar remendando, o que precisa é de uma recuperação total. Para piorar, a estrada é mão única e não tem nem acostamento direito”, lamentou.
O advogado Sérgio Gomes, 57 anos, conhece bem o trecho. Ele ressaltou que a via é uma das mais importantes do Distrito Federal e, mesmo assim, nenhuma providência é tomada. “Precisamos ficar desviando das armadilhas; para isso, temos de reduzir a velocidade. Com a lama, ainda corre o risco de o carro escorregar. Já quebrei a suspensão duas vezes e tive um prejuízo de R$ 1 mil. Essa é uma das estradas mais importantes, precisamos de uma solução”, cobrou.
Recursos
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), responsável pela DF-001, tem a intenção de, ainda neste ano, restaurar a rodovia entre os quilômetros 82 e 90, com recursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), mas reconhece que, para a execução da obra, não existe disponibilidade plena no orçamento do DER. Mas o diretor-geral do órgão, Henrique Luduvice, reforça que o trecho precisa de reforma e duplicação. “A Câmara Legislativa colocou R$ 1 milhão em emenda parlamentar no orçamento para aquele trecho, mas o custo estimado para restauração daqueles 8,3 quilômetros é de, aproximadamente, R$ 10,3 milhões”, alertou.
Por isso, segundo Luduvice, o DER-DF pretende complementar os recursos provenientes da incorporação da Cide após liberação pelo governo federal. “A cada três meses, a gente recebe valores oriundos desse fundo. A equipe do 5º Distrito Rodoviário atua para reduzir as dificuldades de deslocamento, efetuando, inclusive, operações de tapa buraco até que a restauração seja efetuada”, afirmou. No entanto, na tarde de terça-feira, o trecho não tinha maquinário nem equipes no local.