Pesquisadores do Canadá e da Austrália identificaram a cepa da bactéria da cólera, responsável por uma pandemia que causou milhões de mortes no século 19, e conseguiram, pela primeira vez, sequenciar o genoma deste patógeno.
Ao analisar uma amostra bem preservada do intestino de uma vítima, os cientistas puderam desvendar o mistério da bactéria que continua a causar estragos nos países mais pobres do mundo.
As descobertas foram publicadas esta semana na revista americana “New England Journal of Medicine”.
A pesquisa é importante porque, até o momento, os cientistas não haviam conseguido identificar as primeiras cepas da bactéria Vibrio clolerae, um patógeno que se desenvolve na água. “Esse avanço pode melhorar significativamente a compreensão das origens dessa bactéria e abre o caminho para melhores tratamentos e, potencialmente, uma (forma de) a prevenção”, explicaram os autores do estudo.
Os cientistas também foram capazes de confirmar o primeiro dos dois tipos de cólera, classificado como “clássico” e que foi, provavelmente, responsável por cinco das sete epidemias mais mortais do século 19. Quase todas são originárias do Golfo de Bengala, localizado na parte nordeste do Oceano Índico.
“Compreender a evolução de uma doença infecciosa representa um enorme potencial para compreender a sua epidemiologia, como ela evoluiu ao longo do tempo e os fatores que facilitam a transmissão entre humanos”, explica Hendrik Poinar, professor de genética e diretor do centro de estudos de DNA da Universidade de McMaster, no Canadá.