Uma doença que caminha ao lado da humanidade há 70 mil anos e ainda desafia a ciência. Essa é a conclusão de um estudo, publicado neste mês na Nature Genetics, sobre a tuberculose. Liderados por Sebastien Gagneux, do Instituto de Saúde Pública e Tropical Suíço, pesquisadores examinaram 259 amostras da bactéria causadora da enfermidade, a Mycobacterium tuberculosis, colhidas em várias partes do mundo.
A comparação das árvores evolutivas do homem e do bacilo apresentou muitas semelhanças, com a indicação, inclusive, de que ambos surgiram na África e migraram juntos para tomar o planeta.
O desenvolvimento da agricultura, as mudanças climáticas produzidas pelo recuo das geleiras e a elevação do nível dos mares durante o período neolítico ofereceram ao homem as condições para a migração. A combinação também mostrou-se cenário perfeito para a disseminação da tuberculose.
“O fato de as pessoas terem começado a morar em vilas e o crescimento populacional devem ter potencializado a virulência da doença, já que a transmissão entre humanos passou a acontecer mais facilmente”, sugere Sebastien Gagneux. Entre os séculos 17 e 19, a tuberculose exterminou 20% da população mundial e, ainda hoje, tem uma alta taxa de mortalidade em países em desenvolvimento. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2012, 71.230 casos foram registrados no Brasil. Se não for tratada, a doença mata 50% dos infectados.