Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fizeram, na ata de seu último encontro, uma série de avaliações sobre a trajetória de inflação com base nos diferentes cenários para o câmbio e a taxa de juros.
Primeiro, eles citaram o cenário com taxas de juros constantes em 6,00% ao ano, que “produzem inflação abaixo da meta para 2020”. De fato, no cenário de referência publicado hoje pelo BC, com Selic a 6,00% ao ano e câmbio fixo a R$ 4,05, a projeção para a inflação em 2020 está em 3,6% – abaixo da meta de 4% para o ano. Vale destacar, porém, que como a Selic caiu de 6,00% para 5,50% ao ano na semana passada, o cenário de referência já demonstra defasagem em relação à realidade.
Na ata, os membros do Copom citaram em um segundo momento o cenário de inflação com trajetórias para os juros e o câmbio extraídas da pesquisa Focus (cenário de mercado). Segundo eles, neste caso a inflação também ficará abaixo da meta para 2020. Conforme a ata, a projeção do cenário de mercado para a inflação de 2020 é de 3,6%.
“Nesse cenário, os condicionantes têm efeitos opostos sobre a inflação para 2020. De um lado, o estímulo monetário adicional advindo de taxas de juros mais baixas contribui para a elevação da inflação ao longo do horizonte relevante. Do outro lado, o cenário considera apreciação cambial no curto prazo, que constitui vetor na direção oposta”, pontuaram os membros do Copom. “O efeito dessa trajetória de apreciação cambial fica mais claro quando se considera o cenário híbrido com trajetória de juros da pesquisa Focus e hipótese agnóstica de taxa de câmbio constante, que produz projeção ligeiramente abaixo da meta em 2020”, acrescentou a instituição.
No cenário híbrido, com câmbio fixo a R$ 4,05 e Selic variando conforme a Focus, a projeção para a inflação de 2020 é de 3,8%, também abaixo da meta de 4%. “As projeções condicionais para a inflação em 2020 nos diversos cenários também são impactadas pela propagação da inflação corrente mais baixa”, acrescentou o BC.
Riscos
Em outro ponto da ata, os membros do Copom enfatizaram a importância de “continuidade da agenda de reformas e de perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira”. Ao mesmo tempo, eles avaliaram que, “não obstante o cenário externo ter se mantido relativamente favorável para a condução da política monetária em economias emergentes, o risco de cenários adversos para ativos de risco parece ter se intensificado”.