A crise dos plásticos e a dos combustíveis caminham em direções opostas, mas em um ritmo igualmente preocupante para o meio ambiente: enquanto a escassez do petróleo aumenta a necessidade por outras fontes de energia, milhões de toneladas de plástico produzidos todos os anos se amontoam em verdadeiros mares e montanhas residuais, que crescem a uma velocidade maior do que a reciclagem consegue acompanhar.
A esperança para esse impasse está no avanço de uma linha de pesquisa que estuda a transformação do lixo abundante na preciosa matéria energética. Por meio de um processo chamado pirólise, cientistas conseguem submeter o plástico a um processo químico que resulta em um óleo com propriedades petroquímicas.
O método é descrito em um artigo da última edição da revista especializada International Journal of Environment and Waste Management, no qual uma equipe de engenheiros indianos publica os resultados de experimentos recentes com a reciclagem química do plástico. Os cientistas cozinharam pedaços de sacolas plásticas a até 500ºC e, com a ajuda de um catalisador, o material transformou-se em um óleo que pode ser usado para a produção de combustíveis.
“A técnica precisa de um reator, que é a unidade de pirólise, assim como de um condensador para a fração do material” enumera Achyut Kumar Panda, pesquisador da Centurion University of Technology and Management Odisha, na Índia, e um dos autores do trabalho.
O processo usa polietileno de baixa densidade (LDPE), o mesmo tipo de matéria-prima de embalagens, componentes de computadores e outros tipos de objetos. “A maioria dos termoplásticos poderia ser reciclada com esse método”, garante o cientista.