Projeto vale para os três Poderes e se estende a empresas de familiares.
Texto será analisado pela Comissão de Justiça antes de ir a plenário.
A Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle da Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou nesta quinta-feira (25) um projeto de lei que proíbe o GDF, a própria Casa e o Judiciário local de contratarem empresas dos deputados distritais ou de familiares. O texto ainda precisa ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça antes de ser levado ao plenário.
A proposta foi apresentada pelo deputado Chico Leite (PT) em 2013, mas não conseguiu apoio na legislatura passada. O texto reaproveita outro projeto de 2008, proposto pelo ex-distrital Rogério Ulysses (sem partido, na época filiado ao PSB) e que também não chegou à sanção. A primeira versão só fazia referência aos contratos celebrados pelo Executivo.
“Nossa proposta objetiva assim dar um passo na direção de evitar confusão do interesse público com o privado, obstando que a proximidade com agentes políticos possa levantar dúvidas quanto ao fundamento ético das contratações”, afirma Leite na justificativa do projeto.
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Contratos em análise
Reportagem da TV Globo mostra que em cinco anos a Terracap renovou 11 vezes o contrato com uma empresa de segurança de familiares do ex-deputado Leonardo Prudente (PMDB). O político é pai do atual distrital Rafael Prudente (PMDB). O jornal não conseguiu contato com os dois na noite desta quinta (25). A empresa pública nega irregularidades.
A Terracap mantém 68 postos de vigilância nos prédios e terrenos da companhia. O serviço é prestado pela empresa Cinco Estrelas, com base em um contrato feito por licitação em 2009 com validade de apenas um ano.
Em seis anos de atuação, a empresa recebeu R$ 50,8 milhões graças aos 11 termos aditivos. O último foi publicado no Diário Oficial do DF na última semana. A TV Globo não conseguiu contato com os diretores da Cinco Estrelas nesta quinta.
Um dos responsáveis pela renovação seria o diretor de gestão administrativa da Terracap, Gustavo Adolfo Moreira Marques. Ele foi assessor parlamentar de Leonardo Prudente por sete anos. Em entrevista à TV Globo, ele negou qualquer favorecimento à empresa. “Pelo contrário. Tive mais atenção com esse processo [de licitação] por ter trabalhado com o distrital.”
Segundo Marques, o edital de uma nova licitação está pronto, sem vigilância armada e com menos postos, para reduzir os custos. Ele diz que a concorrência só não saiu do papel porque está embargada pelo Tribunal de Contas do DF.
“Houve uma divergência entre o projeto básico e o edital, e o tribunal suspendeu. Já informamos o tribunal que já corrigimos o edital, já corrigimos o projeto básico e estamos esperando que o plenário se manifeste para, já nos próximos 15 dias, estarmos fazendo o pregão eletrônico”, disse Marques.
Uma auditoria do Tribunal de Contas de 2012 apontou irregularidades na contratação da Cinco Estrelas e determinou que a empresa devolvesse R$ 1,5 milhão aos cofres públicos. Segundo os auditores, o valor excedeu o pagamento previsto inicialmente. O tribunal afirmou que está reavaliando o caso.
g1