‘Eu morro, mas não abandono minha fé’
O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) disse durante culto na cidade mineira de Passos, na última sexta-feira (29), que o espaço que hoje ele ocupa, a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, “até ontem era dominado por Satanás”.
“Pela primeira vez na história deste Brasil um pastor cheio de espírito santo conquistou espaço que até ontem era dominado por Satanás”, afirmou o deputado. O culto foi gravado e divulgado no YouTube. Após a declaração do deputado no culto, a atual vice-presidente da Comissão, Antônia Lúcia (PSC-AC), mesmo partido de Feliciano, afirmou que ficou “ofendida” com a fala do colega e que vai pedir renúncia da vice-presidência.
De acordo com a assessoria de imprensa de Feliciano, ele fez a declaração como pastor, não como deputado. Ainda segundo a assessoria, a fala representa a visão religiosa de Feliciano.
Feliciano foi à cidade mineira participar de um evento organizado pela igreja Assembleia de Deus. Durante o culto, realizado em um ginásio, cerca de 50 pessoas usando cartazes e camisetas protestaram do lado de fora contra a permanência do deputado à frente da comissão da Câmara.
Desde sua eleição para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Feliciano é alvo de protestos para deixar o posto por conta de declarações consideradas homofóbicas e racistas. A pressão se avolumou após o deputado ter divulgado vídeo que equipara as manifestações a “rituais macabros”.
Em sua fala, Feliciano comentou as críticas de que vem sendo alvo. Ele disse que “está sangrando”, mas que não vai abandonar a sua fé. “Eu morro, mas eu não abandono a minha fé […] Eu estou sangrando, confesso a vocês. Tem dias que eu fico meio desnorteado com as coisas. Mas eu sei que Jesus me levantou nesse momento pra abrir os olhos da igreja brasileira”, afirmou.
No culto da sexta-feira, ele criticou os manifestantes que pedem sua saída da comissão e disse que a natureza deles é “dar beijos no meio da rua, tirar a roupa”. Feliciano também rebateu as acusações de que é racista ou homofóbico.
“O problema não são eles [manifestantes] badernarem e pularem, porque cada um age com a sua natureza. A natureza deles é esta, gritar, xingar, falar palavras de ordem. A natureza deles é esta, dar beijos no meio da rua, tirar a roupa. A natureza deles é expor um homem como eu, que sou pai de família, ao ridículo. A natureza deles é expor uma pessoa como eu à mentira, me chamando de racista, de homofóbico. Esta é a natureza deles”, disse Feliciano.