Bruxelas — A Comissão Europeia informou nesta segunda-feira que mantém a confiança de que o acordo alcançado com o Mercosul será ratificado e entrará em vigor rapidamente, apesar da mudança no governo argentino após as eleições de domingo.
“Temos um acordo com o Mercosul e estamos trabalhando para a sua rápida ratificação e entrada em vigor, portanto nada mudou nessa frente”, disse a porta-voz-chefe da Comissão Europeia, Mina Andreeva, na entrevista coletiva diária da instituição.
Ao ser perguntada se acredita que a vitória de Alberto Fernández nas eleições presidenciais da Argentina pode causar um adiamento na aplicação do acordo, a representante do órgão se recusou a fazer especulações.
“O nosso interlocutor é sempre o chefe de Estado ou de governo, então esse seria o presidente. Obviamente, não vou especular sobre nenhuma possível implicação que possa haver ou não”, acrescentou.
Após 20 anos de negociações, UE e Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) fecharam em junho um amplo acordo de associação que inclui um tratado de livre-comércio.
Por outro lado, o pacto enfrenta a obstáculos na ratificação parlamentar, já que agricultores de países europeus como França e Irlanda expressaram incômodo com os termos. Eles temem que a produção nacional seja afetada pelas novas condições de entrada na UE de mercadorias como a carne bovina procedente do Mercosul.
O acordo foi concluído durante a presidência argentina de Mauricio Macri, que foi derrotado no primeiro turno por Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como companheira de chapa, por mais de 7 pontos percentuais.
Com 97,598% da apuração concluída, Fernández tinha 48,04% dos votos, enquanto Macri aparecia com 40,44%. De acordo com o sistema eleitoral argentino, um candidato será eleito no primeiro turno caso obtenha 45% dos votos ou mais de 40% e dez pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado. Alberto Fernández assumirá a presidência argentina no dia 10 de dezembro.