A vida dos moderadores de conteúdo do Facebook não é nem um pouco fácil. Eles constantemente precisam observar o que há de pior na rede social – imagens de suicídio, decapitações, estupro, entre outras atrocidades que alguns usuários decidem transmitir ao vivo.
Em entrevista à BBC, um brasileiro que trabalhou em uma empresa contratada pelo Facebook para cuidar da moderação do conteúdo contou um pouco da experiência de lidar diariamente com esse tipo de coisa. O rapaz tinha como meta diária avaliar 3.500 fotos, vídeos e textos denunciados por usuários – mais de 7 por minuto, ou um a cada 8,5 segundos.
Os vídeos envolviam animais sendo mutilados, pessoas ameaçando suicídio, recém-nascidos sendo espancados, entre outras coisas.
Além da tarefa em si ser bem degradante, as condições de trabalho impostas ao brasileiro não eram boas. Celulares eram proibidos, pausas para ir ao banheiro eram monitoradas e o acesso à internet era limitado a um feed especial do Facebook que exibia denúncias aleatoriamente. A rotatividade de funcionários nessas empresas tercerizadas é alta, e poucos aguentam um ano no cargo.
Em contraste, Mark Zuckerberg adora ressaltar o ambiente diferente oferecido pelo Facebook aos seus funcionários, com comida à vontade e escritórios descolados. Aparentemente, isso só vale para os grandes desenvolvedores, e quem faz o trabalho sujo do Facebook se encontra em situação completamente diferente.
Recentemente, Mark Zuckerberg anunciou a contratação de mais de 10 mil novos moderadores com funções parecidas à do brasileiro. Ele também comemorou o maior faturamento trimestral da história da empresa, que pela primeira vez superou US$ 10 bilhões em um período de três meses.
O brasileiro já deixou o cargo de moderador do Facebook e diz que, desde que pediu demissão do emprego, não voltou a postar nada na rede social. Depois de ver como as coisas funcionam por dentro, ele achou melhor manter o máximo possível de distância do Facebook.