Projeto da Central Única das Favelas vai reunir 32 mulheres de regiões de vulnerabilidade social. Objetivo é valorizar a estética feminina e quebrar padrões de beleza.
O Projeto de capacitação de modelos da Central Única das Favelas (Cufa) no Distrito Federal abre inscrições nesta quinta-feira (23). A primeira edição do Top Cufa DF seleciona mulheres com idades entre 16 e 22 anos e que vivam em regiões de vulnerabilidade social, como Ceilândia, Estrutural, Samambaia e Pôr do Sol.
O objetivo do projeto é garantir a essas mulheres oportunidade de ingressar no mercado da moda. Além da competitividade, a iniciativa busca valorizar a estética feminina e, especialmente, da mulher negra. As inscrições ficam abertas no site até dia 20 de abril.
“No Brasil, 67% das pessoas que vivem em regiões mais pobres são negras. Nós queremos dar visibilidade a essas mulheres, mas sabemos que, em Brasília, esse cenário é um pouco diferente. Por isso, não vamos recusar meninas brancas, contanto que sejam moradoras dessas regiões”, diz o presidente da Cufa no DF, Bruno Kesseler.
A primeira etapa das seletivas – entrevista pessoal – será realizado dia 30 de abril no Centro Cultural do Taguaparque, em Taguatinga. No dia 6 de maio, as modelos selecionadas vão participar de um workshop de capacitação. O desfile com as finalistas ocorre no dia 21 do mesmo mês.
Categorias
Na categoria “fashion”, serão selecionadas meninas magras e altas, com “perfil de passarela”, segundo Kesseler. A altura minima é de 1,72 metros e o manequim, 38. “O peso não importa tanto. A imagem que precisa ser esteticamente ‘magrela’, esguia”, explica a diretora da Scouting Marina Sakamoto.
Já na competição “street style”, as candidatas não precisam corresponder aos padrões da moda convencional. “Não tem medida, nem padrão. Pode ter tatuagem, dreads, rastafari. Pode ser magra, gorda, baixinha. Sem padrão de beleza pré-definido. Gente como a gente”, diz Sakamoto.
A categoria busca mulheres que representem o estilo das ruas com a própria individualidade e que resgatem as origens da região onde vivem. “Não buscamos algo específico, mas que seja despojado e representativo do DF”, diz o presidente da Cufa DF.
Os critérios avaliados serão originalidade, simpatia, comunicação e desenvoltura . “A estética, claro, é importante, mas não primordial”, afirmou Kesseler. “Queremos que o projeto abra diálogo entre diversos grupos culturais da cidade e que essas meninas sejam agentes representativos em suas regiões”, diz Kesseler.
Etapas
Após a inscrição, serão convocadas 200 mulheres para a primeira etapa da seletiva – entrevista presencial com uma equipe da agência Scouting. As 32 modelos selecionadas vão participar de um workshop de capacitação com aulas de passarela, fotografia, automaquiagem e etiqueta social.
A partir do desempenho no curso, oito jurados – entre preparadores, modelos, cabeleireiros e maquiadores – vão escolher 16 concorrentes para desfilar nas categorias “fashion” e “street style” no evento de encerramento do projeto.
“O maior objetivo é levar capacitação a essas meninas”, disse o presidente da Cufa no DF, Bruno Kesseler. “Ainda estamos fechando parceria com algumas empresas que possam contribuir com isso.” Uma delas, o ateliê Costuras e Vinil, vai oferecer um minicurso de costura e modelagem para que as finalistas produzam uma peça de roupa com a qual vão desfilar no encerramento.
As campeãs de cada categoria vão ganhar o curso completo, de seis meses. A Scouting também vai premiar as duas com um curso de modelo da agência. As fotos produzidas durante a competição ficarão disponíveis no site do Top Cufa e poderão ser utilizar pelas modelos no portfólio profissional.
Após o desfile, haverá apresentações culturais e shows com Bell Lins – participante do The Voice Kids – e MC Bocão.
Central Única das Favelas
Fundada em 2003 no Distrito Federal, a Central Única das Favelas (Cufa) desenvolve projetos de valorização cultural e de inserção de jovens no mercado de trabalho. Segundo o presidente, Bruno Kesseler, cerca de 4 mil crianças e adolescentes participam dos programas da Cufa em todo o DF.
Entre as ações, estão circuitos de skate de rua, formação de ligas de basquete, debates sobre questões raciais e de gênero, palestras sobre saúde pública e cuidados durante a gravidez e projetos de empreendorismo social.