Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, o ex-diretor de Refino a Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, afirmou nesta sexta-feira (13) que se encontrava com o lobista Fernando Soares, conhecido como “Fernando Baiano”, somente para discutir pagamentos de propina.
Preso em Curitiba, Baiano é apontado pelo próprio Paulo Roberto Costa como operador do PMDB no esquema de corrupção que atuava na Petrobras. O PMDB nega a acusação.
O procuramos o advogado de Fernando Baiano, mas até a última atualização desta reportagem não obteve retorno.
Questionado pelo juiz federal Sérgio Moro sobre se os encontros com Baiano haviam ocorrido somente para tratar de “pagamentos de vantagem indevida” e “propina”, Costa foi taxativo, dizendo que sim. Moro é o responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância.
Logo em seguida, o magistrado questionou se em algum encontro houve discussão técnica sobre contratos da Petrobras. Costa, então, disse que não.
“Sempre propina, então?”, questionou Moro. “É, e visão de futuro, de projetos que poderiam ser feitos. Algumas vezes ele [Baiano] mencionou a empresa que ele representava, se tinha alguma atividade que a Petrobras podia utilizar a empresa espanhola”, respondeu o ex-dirigente da petroleira.
Paulo Roberto Costa foi preso pela Polícia Federal (PF) em março do ano passado, na primeira etapa da Operação Lava Jato. Atualmente, ele está preso em regime domiciliar no Rio de Janeiro.
Réu confesso no processo da Lava Jato, o ex-diretor fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal para tentar reduzir sua pena.
Em depoimento prestados à Justiça Federal do Paraná em outubro do ano passado, Costa afirmou que parte da propina paga no esquema de corrupção que atuava na Petrobrasa, além do PMDB, também abastecia PT e PP. Os partidos negam a acusação.
Após acompanhar o depoimento de Paulo Roberto na sede da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, o advogado dele, João Mestieri, afirmou que somente que o cliente “deixou claro que uma diretoria na Petrobras não resolve nem decide nada. Uma decisão sempre é levada ao Conselho de Administração”.
Pasadena
Durante o depoimento, Paulo Roberto Costa foi questionado sobre se recebeu “vantagens indevidas” de Fernando Baiano e disse que sim. O juiz Sérgio Moro, então o pediu para detalhar como foram esses recebimentos.
“Foram em relação, e eu já prestei o depoimento de delação premiada, em relação à compra da refinaria de Pasadena”, disse o ex-diretor. Segundo ele, “grande parte” dos pagamentos era feita em contas no exterior, “e alguns valores menores, feitos no Brasil.”
Júlio Camargo
À Justiça Federal do Paraná, Paulo Roberto Costa diz ainda ter recebido pagamentos de Júlio Camargo, executivo da Toyto Setal, também investigado na Operação Lava Jato. Ao ser questionado sobre se o doleiro Alberto Youssef e Camargo se conheciam, o ex-diretor da Petrobras disse que sim e tinha “bom relacionamento”.
O juiz Sérgio Moro, então, perguntou se Costa tinha conhecimento das atividades ilícitas de Youssef. “Ele tinha essa parte toda de dólar, de apoio às empresas, ele fazia esse tipo de atividade”, respondeu o ex-diretor.
Moro, na sequência, indagou o ex-diretor se o “apoio” servia para operar o pagamento das vantagens indevidas e Paulo Roberto Costa disse que “provavelmente, sim”. Costa, então, ressaltou ter recebido “vantagens indevidas” de Youssef em contratos da Petrobras, por meio das empresas que faziam parte do esquema de corrupção.
Fonte: G1