Vontade de debater temáticas e histórias de livros atraem leitores para os encontros
Imagine ler um livro muito bom. Depois da leitura da última página, um olhar para o vazio e milhares de sentimentos que vão da alegria, por ler algo tão interessante, à tristeza, pela história ter terminado. Pior quando não há ninguém por perto para conversar e nenhum conhecido que tenha lido a mesma obra para compartilhar avaliações pós-livro. Talvez seja este o momento de procurar um clube de leitura.
Os clubes do livro, também chamados de clubes de leitura, são reuniões regulares organizadas geralmente por amigos que têm em comum o hábito da leitura. Nesses encontros, são discutidos aspectos sobre uma determinada obra, como o enredo, os personagens, os cenários, as problemáticas sociais que os autores por vezes abordam, entre outros temas. As reuniões costumam ocorrer em livrarias ou em locais que remetem a leitura, como cafés, e tendem a seguir o modelo de uma obra por mês.
A internet tem sido um grande aliado na propagação e disseminação dos clubes, quebrando barreiras geográficas para promover encontros entre leitores que possuem o mesmo gosto literário, mas que, por conta da distância, não podem marcar um dia e um local para um encontro.
Existem também clubes temáticos, dedicados a um tema central, ou mesmo uma saga específica. E foi com a ajuda da internet e com foco em uma saga que as leitoras brasilienses Ana Paula, 24 anos, e Isamara Cereser, 24, criaram o Clube 10 meses com Harry, que como o nome diz, é dedicado à saga criada pela escritora do best-seller J.K Rolling. “Estava conversando com uns amigos em um grupo de WhatsApp e uma amiga disse que não tinha lido a série. Comentei brincando que poderíamos ler juntas e logo as outras pessoas do grupo queriam ler também e acabamos transformando a brincadeira em um projeto”, diz Ana, criadora de um grupo no Facebook que já conta com mais de 70 integrantes, inclusive brasileiros que moram fora do país. Até por esse motivo, os encontros são todos on-line.
Mercado literário
Editoras veem os clubes como uma maneira de divulgar também os próprios títulos. O Grupo Autêntica mantém Clubes do Livro em várias capitais do país. A cada mês uma obra do catálogo é escolhida pela editora para ser o próximo tema do encontro. Em Brasília, o clube teve seu primeiro encontro em junho do ano passado, com sede nas livrarias Cultura do Shopping Casa Park e Iguatemi. O operador de caixa Rafael Capovilla, 22 anos, participou pela primeira vez na edição de dezembro do clube e adorou a experiência. “Além de conversar sobre um assunto que todos amam, os livros, você conhece pessoas de todos os tipos. É uma forma de trocar ideias de uma maneira saudável”.
Existem outros clubes espalhados por Brasília que atendem a leitores de praticamente todos os tipos. O Leia Mulheres, Café com Letras, Literáguas, Rota 69, Hora de Ler, Clube de Leitura do Cerrado são apenas alguns exemplos de como não é preciso muito para criar ou participar de um clube. Basta o desejo e a vontade de disseminar literatura.
* Estagiário sob supervisão de José Carlos Vieira
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10 meses com Harry
On-line, basta procurar o grupo #10mesescomharry no Facebook e pedir para participar. O debate de janeiro será sobre a obra Harry Potter e a Pedra filosofal, da J.K Rolling, com mediação de Ana Paula e Isanara Cereser. Classificação indicativa livre.
Leia Mulheres
Livraria Cultura (CasaPark – SGCV, Lt. 22). Em 19 de janeiro, quinta-feira, às 20h, debate sobre o livro A elegância do ouriço, de Muriel Barbery, com mediação de Mariana de Ávila e Patrícia Rodrigues. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
Clube do Livro Grupo Autêntica
Livraria Cultura (Casa Park – SGCV, Lt. 22). Em 28 de janeiro, sábado, às 16h, debate sobre o livro Garota no Gelo, de Robert Bryndza, com mediação de Jéssica Raissa e Márcia Thiara. Entrada franca. Classificação indicativa livre.