Uma função do colegiado é apurar má gestão na área no governo Agnelo. Liderado por Celina, ‘blocão’ tem 8 dos 24 distritais e agrega seis partidos.
A criação de um bloco independente de deputados distritais, liderado pela presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS), vai deixar o PT de fora da CPI da Saúde, que vai investigar a má gestão de recursos na área durante a gestão de Agnelo Queiroz e no início do governo Rollemberg (entre janeiro de 2011 e março de 2016). O “blocão” terá oito parlamentares de seis partidos – um terço dos deputados, o que dá ao grupo o direito a duas das cinco cadeiras na comissão.
Como o autor do requerimento da CPI, o deputado Lira (PHS), também pertence ao grupo, o “Bloco Popular Solidário Social” terá três dos cinco membros do colegiado. Os outros dois indicados saem de dois blocos, um formado por parlamentares do PDT, Rede e PV, e outro por distritais do PR e PMDB.
Além de Lira, o grupo liderado por Celina tem em sua composição os deputados Raimundo Ribeiro (PPS), Cristiano Araújo (PSD), Sandra Faraj (SD), Telma Rufino (sem partido), Rodrigo Delmasso (PTN) e Robério Negreiros (PSDB).
O deputado petista Ricardo Vale, que foi membro da CPI do Transporte Público, afirma que o blocão foi montado para “isolar o PT” e impedir a participação do partido nas decisões da comissão. “Quando se isola dessa forma, a CPI já começa com suspeição. Por que não chamar os deputados [do PT]? Foi um erro, proposital, porque sequer fomos consultados.”
Para ele, o grupo foi criado apenas para a criação da comissão. “Não tem prosperidade. Fica claro que foi feito para isolar o PT na CPI. Acredito que depois disso se desfaz.” Apenas a legenda e o PTB, que tem no seu quadro a deputada Liliane Roriz, não serão representados no colegiado.
“O bloco foi formado de forma independente, por quem estava procurando uma autonomia em relação ao governo. O bloco vai atuar respeitando a posição de cada deputado”, afirma Celina Leão.
Ela diz que o grupo não foi criado para isolar o PT nem impedir a participação do partido na comissão – que vai investigar má gestão durante a gestão de um governador que é da legenda. “O PT ficar de fora é regimental, deveria ter juntado com mais uma pessoa. O próprio PT não chamou outros deputados para fazer uma composição.”
Segundo o deputado Robério Negreiros (PSDB), o perfil independente do grupo vai permitir que a CPI investigue “o que tiver que investigar”. “Não tenho nenhum tipo de espaço no governo, então tenho liberdade para que possa fazer todo o posicionamento, de interesse da investigação na CPI. Se eu achar que não é de interesse da comunidade, não vou apoiar. O que for bom eu vou apoiar. Enquanto tiver perfil de independência, eu ficarei nesse bloco.”
Negreiros afirmou que os nomes dele e do deputado Cristiano Araújo devem ser os indicados pelo bloco para a CPI. Os outros grupos devem apresentar os representantes até o dia 12 de maio.
O deputado Chico Leite (Rede) diz que o bloco do qual faz parte ainda não definiu o nome do grupo na CPI nem avaliou a criação do blocão. O distrital era filiado ao PT até setembro e fazia parte da base do governador Agnelo, mas declara que é isento para uma possível participação na comissão. “Pessoalmente, me considero independente para elogiar ou criticar ações do governo atual ou do passado.”
O requerimento para a criação da comissão teve a assinatura de 15 dos 24 deputados. No documento, os parlamentares afirmam que a saúde pública do DF está “um verdadeiro caos”. O texto aponta denúncias de desaparecimento de remédios das farmácias públicas e má gestão na área.
“A Saúde está em situação de emergência desde o começo do ano passado”, disse Lira. “Não podemos deixar de investigar. Os fatos dirão quem são os responsáveis pela situação da pasta”, declarou o deputado Wellington Luiz (PMDB).
O peemedebista e o autor do requerimento, deputado Lira, assinaram o documento ao lado de Bispo Renato (PR), Celina Leão (PPS), Chico Vigilante (PT), Cláudio Abrantes (Rede), Juarezão (PSB), Raimundo Ribeiro (PPS), Rodrigo Delmasso (PTN), Rafael Prudente (PMDB), Robério Negreiros (PSDB), Ricardo Vale (PT), Liliane Roriz (PTB), Sandra Faraj (SD) e Wasny de Roure (PT).