Em agosto de 2013, Steve Ballmer, CEO da Microsoft, anunciou que deixaria o cargo dentro de um ano, dando início a um processo de seleção de seu substituto. Seis meses depois, nada. Muito deste atraso pode ser botado na conta de uma pessoa que quase não anda liga à empresa publicamente, mas que ainda extremamente influente: Bill Gates.
Candidatos, claro, não faltam. Pessoas qualificadas existem aos montes, dentro da Microsoft e fora até mesmo da indústria de tecnologia, que mesmo sem o conhecimento, tem liderança e capacidade suficientes para encarar o desafio. Mas Gates não aceitaria qualquer um.
Os acionistas adorariam um novo chefão ao estilo Alan Mullaly, atualmente no comando da Ford, embora ele já tenha sido confirmado no comando da empresa automobilística por mais um ano. Sem vínculos emocionais com a empresa, ele talvez fosse capaz de tomar decisões drásticas, como, por exemplo, deixar de lado todos os serviços voltados ao consumidor final, onde a Microsoft não tem tanto sucesso quanto no setor corporativo.
Para os acionistas interessados em fazer um lucro rápido com seus papéis, isso seria o ideal, capaz de dobrar o valor das ações em um ano. Para quem tem um laço com a empresa, nem tanto.
Entra aí o problema de Bill Gates, que nada mais é do que o fundador, presidente do quadro de diretores e maior acionista da Microsoft. Nada com o que ele não concorde irá acontecer com sua empresa enquanto ele estiver ocupando uma posição tão importante.
Gates, como pessoa mais rica do mundo (ou segunda, dependendo do ranking), não precisa de um ganho rápido de dinheiro. O fundador da Microsoft entrou em guerra com o governo americano nos anos 1990 para manter sua empresa nos eixos e se esforçou demais para vê-la se desfazer sob seus olhos.
Com isso, o próximo CEO da desenvolvedora do Windows deve ser alguém que siga os passos do fundador e também de Steve Ballmer, amigo e colega de Bill Gates, segundo maior acionista da Microsoft e membro do quadro de diretores.
Isso pode trazer alguma dinâmica esquisita para a empresa, já que o próximo líder deverá responder constantemente e diretamente aos seus predecessores no cargo. “Nem todos os candidatos estariam interessados em montar neste cavalo”, diz Mike Myatt, CEO da empresa de recrutamento N2growth em entrevista à CNET.
Ele aponta que a demora para o apontamento de um novo líder pode ser um problema, mas é importante para a empresa. “A Microsoft está tomando seu próprio tempo para encontrar a pessoa certa. É o certo a fazer, mas demorar muito pode gerar uma falta de confiança”.
Segundo ele, não existe uma regra fixa, mas o normal é que as buscas demorem entre três e quatro meses. Ao passar disso e atingir os seis meses dos quais a Microsoft está se aproximando, as pessoas começam a se questionar sobre o fato de haver algum problema.