O deputado distrital Raad Massouh (PPL) disse em depoimento à Comissão de Ética da Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta quinta-feira (15) que é vítima de “acusações enganosas” e de uma “manobra cavernosa” para incriminá-lo em um suposto caso de desvio de dinheiro público.
Massouh é suspeito de desviar parte da verba de emenda parlamentar destinada à realização do 1º Festival Rural Ecológico de Sobradinho, em 2010. Segundo investigação da Polícia Civil, R$ 70 mil dos R$ 100 mil da emenda para realização de festival foram desviados.
O deputado classificou como “ridícula” a tentativa de atribuir a ele irregularidades na realização do evento. Ele disse que se limitou a destinar recursos para o festival, mas não acompanhou a execução do evento. Segundo ele, o dinheiro foi destinado a uma empresa para a realização do festival.
Massouh negou a declaração do ex-administrador de Sobradinho Carlos Augusto de Barros de que ele teria acompanhado e determinado as contratações para a realização do evento. “Eu não sou o gestor e nem o executor desse trabalho”, disse. “Não contratei show, não contratei nenhuma banda e não paguei nenhum centavo para nenhum deles.”
“Todo mundo sabe que o Legislativo não tem obrigação de acompanhar emenda na sua execução final. O deputado vai acompanhar obra, evento? Não tenho essa obrigação”, disse. “Tenho quase R$ 10 milhões por ano para mandar emendas para São Sebastião, para o Gama. É humanamente impossível que qualquer um dos 24 deputados acompanhe emenda.”
Massouh disse que ficou aliviado com a saída do delegado Flamarion Vidal da investigação do caso, como apontou uma interceptação telefônica da Polícia Civil. Durante conversa com sua mulher, Massouh celebrava a transferência do delegado e afirmava que o assunto seria arquivado.
“Fiquei aliviado, mas jamais fiz algum tipo de esforço com ninguém para que ele fosse retirado de lá”, disse. Segundo Massouh, em novembro de 2011 43 delegados foram exonerados pela direção da Polícia Civil, inclusive o delegado Flamarion Vidal. “Não tenho nada com isso, nem polícia eu sou”, disse. O deputado afirmou que vai ingressar com uma representação na Justiça contra o delegado.
O deputado negou ter imóveis em nome de “laranjas”, como apontou a investigação da polícia. Segundo ele, a maioria dos bens citados na investigação foi adquirida pelo RM Hotel Fazenda, empresa do qual é proprietário e que é gerida pelos filhos.
Massouh disse que é amigo próximo do ex-administrador de Sobradinho há 20 anos e afirmou que eles frequentam a mesma igreja. Ele negou, no entanto, que tenha indicado Barros ao cargo por interesse político e confirmou que foi o grupo da igreja que se uniu e indicou Barros para administrador.
Segundo ele, Maria Inês Viana, que à época presidia o Rural Tour e posteriormente veio a ser funcionária do gabinete do deputado, só foi empregada a pedido do próprio sindicato, que queria acompanhar os projetos de turismo da região. O Rural Tour recebeu R$ 47 mil da verba parlamentar para contratar bandas para o show.