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As taxas de juros ficaram mais altas em junho deste ano, de acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas, em Brasília, pelo Banco Central (BC). Entre as informações coletadas pelo estudo, a taxa média de juros para pessoas físicas no crédito livre foi registrada a 51,5% ao ano, com aumento de 1,1 ponto percentual em relação a maio e de 11,7 pontos percentuais em 12 meses.
Para as famílias e as empresas os juros subiram. A pesquisa aponta que para pessoas físicas, o cartão veio com alta de 2,1 pontos percentuais no mês, alcançando 78,7% ao ano. No crédito rotativo, quando o consumidor paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias, o aumento foi de 1,6 ponto percentual no mês, com 370,4% ao ano. Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. Os juros para o cartão parcelado subiram 0,5 ponto percentual, para 173,2% ao ano.
As taxas do cheque especial impactaram no aumento de juros para as famílias, com alta de 1,3 ponto percentual (129,2% ao ano). O crédito pessoal não consignado, subiu 1,2 ponto percentual, e está a 87,5% ao ano. Os juros do cheque especial subiram 1,3 ponto percentual no mês para 129,2% ao ano.
Em relação a contratações com empresas, a taxa livre cresceu 0,7 ponto percentual no mês e 8,1 pontos percentuais em 12 meses, alcançando 22,6% ao ano. Já no crédito livre às empresas, segundo o Banco Central, ocorreram adicionais na maioria das modalidades, especialmente em capital de giro, alta de 1,3 ponto percentual, para 23,3% ao ano; cheque especial, aumento de 2 pontos percentuais, chegando a 316,9% ao ano; e desconto de cheques, que subiu 1,5 ponto percentual, alcançando 36,8% ao ano. Já o financiamento a importações caiu 3,7 pontos percentuais, para 8,8% ao ano, assim como o cartão de crédito, que teve recuo de 1,9 ponto percentual nos juros, para 29,9% ao ano.
O economista Almerindo de Souza, afirma que desde junho as famílias e as empresas têm pago mais por crédito. Ele elabora que a taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia brasileira, que é administrada pelo Banco Central do Brasil. “Em fevereiro marcava 10,75%, em março, 11,75%, em maio, 12,75%, em junho, 13,25% e atualmente alcança 13,75%. Falo isso, porque ela reflete a inflação do país, ou seja, se a inflação está alta, a SELIC é elevada, justamente para conter o consumo das famílias/empresas”. Com juros mais altos, o especialista frisa que fica mais caro tomar crédito, e que isso desestimula o consumo e ajuda a controlar os preços. Ele aponta que a escalada de aumento da SELIC desde o início do ano, somente recuará quando a inflação for contida, o que necessariamente precisa de queda no consumo.
Ele esclarece que o crédito está sim, mais caro. ”O crédito mensal, o crédito ao consumidor. Ou aquele mesmo para as empresas, para financiar e fazer giro de capital está mais alto”, afirma. Ele cita como exemplo, que dentro da pandemia, na época das emendas provisórias, as pessoas conseguiam crédito a 1,11 pontos, a 1,12, ou 1,2, dependendo do banco que fosse financiar. Ele explica que esse exemplo é a respeito de crédito facilitado, que as pessoas conseguem alavancar dinheiro para as contas básicas e essenciais, como alimentação, moradia e transporte.
Então, ele aponta que tanto para a pessoa física, quanto para a pessoa jurídica, o crédito está mais alto. O economista destaca ainda, que Brasília é uma das três capitais com o maior custo de vida brasileiro. “A gente perde para alguns locais do Sul. E o nosso custo de vida é alto, e com essa elevação da taxa de juros, está mais difícil ainda viver em Brasilia”, salienta. Para ele, os alimentos como leite que estão mais caros, estão 100 vezes mais caros, é mais que o dobro. “Quando se fala do queijo, de algumas frutas, como mamão, laranja e melancia, tudo isso está bem mais caro. E ainda, o arroz, o café e açúcar”.
Almerindo lembra que está falando de itens comuns, e que eles impactam muito o consumo e a taxa de juros, especialmente as que fazemos muito uso, como o Índice de Preço de Consumidor. “Se você está pagando mais que o dobro, isso vai se refletir na área econômica, nos bancos. E a alimentação mais cara, a energia mais cara e a água mais cara. E as famílias fazem financiamento para pagar essas contas, porque o salário não está bancando isso”, comenta. Almerindo destaca que as famílias financiam, porque estão endividadas com cartão de crédito. Segundo ele, 80% do endividamento das famílias é cartão. “Para as famílias isso é um ciclo vicioso, para o chefe ou a chefe de família, é bem difícil sair disso. Porque as famílias já vinham endividadas diante da pandemia”, relata.
E a informação econômica chega para as famílias de forma defasada. “Você escuta informações que na prática não chegam até você. Por exemplo: o risco da deflação”. Ele explica que há uma queda na inflação de maneira pontual, em algumas áreas.