De acordo com dados do governo, desmatamento é impulsionado pela exploração ilegal de madeira e pelo avanço da agricultura sobre a floresta
São Paulo – O desmatamento da Amazônia atingiu seu maior nível em uma década neste ano, impulsionado pela exploração ilegal de madeira e pelo avanço da agricultura sobre a floresta, mostraram dados do governo nesta sexta-feira.
Imagens de satélite nos 12 meses até o final de julho deste ano mostraram que 7.900 quilômetros quadrados de floresta amazônica foram destruídos, equivalente a mais da metade do território da Jamaica. O valor representa ainda um crescimento de 13,7 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior.
O desmatamento é um fator-chave por trás do aquecimento global e responde por cerca de 15 por cento das emissões anuais de gases do efeito estufa, patamar similar ao do setor de transporte.
Nesta sexta-feira, um relatório do governo dos Estados Unidos apontou que a mudança climática custará aos EUA centenas de bilhões de dólares até o final do século.
O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, disse em comunicado que a exploração ilegal de madeira é o principal fator por trás do aumento do desmatamento da Amazônia. Ele pediu que o governo aumente a fiscalização na floresta.
Pará e Mato Grosso foram os Estados que mais contribuíram para o crescimento do desmatamento. Mato Grosso é principal produtor de grãos do Brasil e lidera a elevação na produção de soja.
O Observatório do Clima, uma rede de organizações não-governamentais, disse em outro comunicado que o aumento do desmatamento não foi uma surpresa. Além da exploração ilegal de madeira, a entidade disse que o setor de commodities do país, que está em expansão, contribuiu para a destruição da floresta, uma vez que produtores buscam expandir a área plantada.
Marcio Astrini, do Greenpeace, disse que o governo brasileiro não faz o bastante para combater o desmatamento e políticas adotadas recentemente, como a redução de áreas protegidas, incentivaram a destruição florestal.
Os dois grupos demonstram preocupação com a possibilidade de o desmatamento aumentar ainda mais durante o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, que assumirá em janeiro. Ele é um crítico do Ibama e tem no setor agrícola um de seus principais grupos de apoio.
Apesar da elevação recente, o desmatamento ainda está bem abaixo dos níveis recordes do início dos anos 2000, antes de o governo brasileiro lançar uma estratégia para combater a destruição florestal. Em 2004, por exemplo, mais de 27 mil quilômetros quadrados foram desmatados, uma área do tamanho do Haiti.
Cientistas consideram a Amazônia como uma das principais proteções naturais contra o aquecimento global, já que a floresta atua como gigantesca absorvedora de carbono. A floresta também é rica em biodiversidade e abriga bilhões de espécies ainda não estudadas.
FonteÇ Portal Exame