Dez anos, três legislaturas e muito se mudou na Câmara Legislativa. Os parlamentares que progrediram na vida pública viraram deputados federais, senadores e conselheiros do Tribunal de Contas do DF (TCDF).
Os que não foram tão bem assim acabaram relegados ao ostracismo ou, pior, perderam o mandato por cassação, seja por parte dos colegas, seja pela Justiça. Desse período, enfim, poucos continuam distritais.
Desde 2003, até a própria Casa trocou de endereço, transferindo-se da Asa Norte para o Setor de Indústrias Gráficas (SIG). Mas uma das poucas coisas que não sofreu alterações no Legislativo local foi o destino dos retratos a óleo de seis ex-presidentes, comprados à época por mais de R$ 64 mil, sem licitação. As telas nunca ganharam exposição ao público nem há intenção para isso.
Os quadros de grandes dimensões (70cm por 90cm), com molduras em folha de ouro e pintados pelo artista plástico peruano Rolando Vila, foram adquiridos na gestão de Gim Argello (à época, no PMDB), no biênio 2001-2002. Segundo justificativas dadas na ocasião pelo atual senador do PTB, a intenção era criar uma galeria de imagens dos ex-presidentes. Quase ninguém gostou da ideia.
Cada peça custou R$ 10.678, o correspondente, há uma década, a mais de 44 salários mínimos. “Foi um gasto totalmente desnecessário. Coisa de péssimo gosto”, diz uma fonte que fez parte da legislatura 1999-2002.
As pinturas foram consideradas tão exageradas que o presidente seguinte da Câmara Legislativa, Benício Tavares (cassado em 2011 pela Justiça Eleitoral), ficou sem saber o que fazer com aquilo. Já estavam pagas, mas ele não quis expô-las, mesmo que fosse um dos homenageados. Benício relegou-as ao almoxarifado. De lá para cá, continuaram escondidas, passando por depósitos.