Documento entregue nesta segunda prevê custo das obras emergenciais em de R$ 55 milhões. Valor é 10% maior que o anunciado na semana passada, de R$ 50 milhões; obras devem durar seis meses.
O governador Rodrigo Rollemberg entregou nesta segunda-feira (13) à União o plano de trabalho emergencial para reduzir o impacto da crise hídrica no Distrito Federal. O pedido de socorro, feito ao ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, foi recalculado em R$ 55 milhões pelo GDF — 10% superior ao valor divulgado na semana passada.
O documento, que prevê a aplicação da verba solicitada para a construção de um sistema provisório de captação no Lago Paranoá, deveria ter sido entregue na semana passada. Agora, a área técnica do ministério tem até 20 dias para analisar o pedido e confirmar a liberação dos recursos.
O governo, no entanto, ainda não sabe se a captação emergencial será suficiente para suspender o racionamento no DF. A medida, em vigor desde 16 de janeiro, atinge cerca de dois terços da população — os cortes só ocorrem nas cidades abastecidas pela bacia do Descoberto, a maior da capital.
“Estamos fazendo a captação emergencial por perceber que a barragem do Descoberto não chegará ao seu volume total no final do período das chuvas. Nós temos que aguardar para saber como vai se dar a evolução desse quadro, para saber se conseguiremos suspender o racionamento”, afirmou Rollemberg.
Depois da liberação do dinheiro da União, as obras têm prazo limite de 180 dias para terminar. Caso o prazo seja cumprido à risca, a captação no lago só vai ficar pronta em meados de agosto — no auge da seca na cidade. A construção será de responsabilidade da Caesb, companhia que cuida do abastecimento dos imóveis.
Como vai funcionar
O sistema de captação emergencial será instalado no Setor de Mansões do Lago Norte. Balsas irão bombear até 700 litros por segundo. Além disso, uma miniestação de tratamento de água será criada para filtrar os recursos hídricos captados.
Segundo o governo, o sistema terá capacidade de abastecer regiões como Lago Norte, Varjão, Taquari, Sobradinho II e Asa Norte — que, atualmente, não sofrem racionamento porque integram a bacia do Santa Maria. Como essas regiões vão desafogar esse sistema, parte dos recursos de lá será transferida para o Descoberto.
A transferência será feita por meio de uma adutora, já existente, que interliga os dois sistemas. Questionada em janeiro do motivo pelo qual não adotou um modelo de transposição antes do racionamento, a Caesb havia informado que “essa não é a solução mais viável”.
A adutora entre os dois sistemas transferirá para o sistema do Santa Maria o abastecimento do Guará I e II, Lúcio Costa, Colônia Agrícola Águas Claras, Candangolândia, Núcleo Bandeirante e parte de Águas Claras e do Park Way — regiões que hoje integram o Descoberto e, por isso, sofrem racionamento.
Considerado “menos preocupante” pelo governo, o reservatório de Santa Maria pode chegar ao “volume zero” até outubro, segundo a previsão do especialista em manejo de bacias hidrográficas e professor da UnB Henrique Leite Chaves, que fez uma simulação dos próximos meses com base em dados da Caesb.